As pessoas com autismo, trissomia
21, Dravet, paralisias ou outras condições tidas como deficiências, são pessoas
como todos nós. Isto parece uma conversa algo idiota, mas faz sentido
clarificar, dado que me parece que ainda há muito quem “deusifique” ou “diabolize“ estas condições. É como as pessoas com escoliose, reumático, diabetes, tensão
alta etç… São PESSOAS, com uma personalidade, com defeitos e qualidades, que
comem, bebem, defecam, urinam, fazem a digestão, procriam, amam, odeiam, etç…
mais ou menos como toda a gente. Não são extraterrestres , ou seres iluminados,
não são pessoas superiores nem inferiores.
São PESSOAS - Podem portanto ser mais ou menos meigos, mais ou menos
calmos mais ou menos pacientes, mais ou menos amorosos, mais ou menos bonitos,
mais ou menos… como todos nós. São pessoas com vontades, com gostos. São
PESSOAS! Por exemplo, as pessoas com autismo, apresentam características comuns
à condição de autismo, embora cada uma de forma distinta, precisamente porque
são pessoas e não há no mundo uma igual a outra.
As dificuldades de expressão no autismo - comunicação verbal e não
verbal, são talvez a questão mais complexa que distingue quem tenha este diagnóstico. Sentem,
percebem mas têm muitas dificuldades em dize-lo, em usar as palavras da forma
certa. (Alguns nem têm como usar palavras).Também os rituais sociais: a forma como parece ser necessário agir de
determinada maneira para “parecer bem”, para eles é de difícil aceitação. Ainda
assim e como pessoas que são, obviamente aprendem … e aprender engloba todo o
tipo de aprendizagens (académicas, sociais, emocionais, artísticas, etç)… Alguns
com imenso esforço… Uns mais, outros menos, mas aprendem como todos nó. Basta
que para tal, nos seja proporcionado aprender e tenhamos a necessária empatia,
gosto e motivação para.
Os pais e mães das pessoas tidas como deficientes, também
são pessoas... Têm todo o tipo de desafios diários colocados à maioria dos
viventes e apenas lhe somam mais um pequenino desafio diferente, que é o de
afirmar em todos os momentos das suas vidas, que os seus filhos, são também
eles, pura e simplesmente pessoas. Questiono se realmente o mais importante
para nós sejam efetivamente os inúmeros apoios de que nos falam a toda a hora,
ou se bastaria olharem-nos como PESSOAS com necessidades como todos e por essa
via adequarem real e naturalmente os apoios...
Uma pessoa diabética tem necessidades, uma pessoa com reumático tem
necessidades, uma pessoa com hipertensão tem necessidades, uma pessoa com
miopia tem necessidades… uma pessoa, a partir do momento em que é pura e
simplesmente PESSOA, tem, teve e terá sempre as suas próprias necessidades em
algum momento. Ninguém é isento de necessidades especiais, por muito que se julguem
eternamente isentos. Mas que raio pensam as pessoas acerca dos seus semelhantes
em condição de deficiência? Que pensariam de si mesmos, ou dos seus se de
repente lhes tocasse a eles? Ás vezes,
acho mesmo que bastava que os homens se pudessem olhar mutuamente como pessoas
com necessidades. Um olhar atento, livre,
limpo, cúmplice… Olharmo-nos uns aos outros com respeito por
no fundo sermos todos apenas pessoas com necessidades.