quarta-feira, 6 de junho de 2012

"NÃO TENHAS MEDO"


A poucos dias de terminar mais uma ano lectivo, sinto-me a modos que num estranho "stand by". Parece que levei uma epidural, mas só fiqueí anestesiada, da testa para cima - O pensamento não fluí, nem progride, apesar de ao longe me ser possivel ver um grande desafio aproximar-se.

Terminou o primeiro ciclo:  a escola mais protegida; os colegas - digamos que numa idade mais favoravel do que a da adolescencia;  uma unica e dedicada professora da turma; a sala da unidade com as mesmas amigas professoras de sempre; a presença das queridas assistentes operacionais, e tantos outros pormenores de emotividade e rotina a que o Vasco já há muito se havia habituado.

É o tempo que comanda agora o caminho e a mudança, ainda que não seja radical, será sem duvida significativa... e irreversível.

Sinto-me como quem vê ao longe um furacão e não se sente minimamente cientista em busca deles... Vejo-o  (ja não muito longe), e sei que passará por mim, sem que eu possa detê-lo ou fazer algo que o desvie da minha rota. Dada a minha impotencia momentanea, não consigo raciocinar correctamente para me poder encher da natural ansiedade que uma situação desta provoca e reagir (de alguma forma, sei lá). Mas esta epidural deve ser de marca genérica e falha, não me adormecendo também, e já agora, o medo...
Esse malvado que destila fervorosamente dentro de mim, como quem mina um corpo fraco sem anticorpos e consome-me mas não me faz sentir dor.

"Não tenhas medo, vai correr tudo bem", oiço uma ou outra vez, e quero acreditar nisso, e quero pensar assim, e quero muito, muito, muito, mas estou tão anestesiada que não progrido neste pensamento, aliás, não progrido em pensamento algum, o que progride sem travões é o tempo que me aproxima desta tempestade inevitável.

Pode ser que ela passe e enfraqueça à passagem... sei que há tempestades assim, que perdem força à medida que avançam.
Pode ser que ela venha acompanhada de ventos fracos e uma amena temperatura, tornando-se mais fácilmente suportavel...
Pode ser que seja localizada e quanto muito, me abane apenas a mim...
Pode ser que ela até seja uma miragem, e nem exista na realidade...

Mas a minha maior esperança - que essa felizmente a anestesia não levou -  é que ela venha e se desvie de nós, assim que se depare com a luminosidade do sorriso doce do teu olhar, meu filho. 
 
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