Dizem desta, (Saudade), que é a palavra Portuguêsa por excelência. O sentimento é universal, mas fomos nós os melhores na busca de uma unica palavra que a definisse.
O meu filho mostrou-me hoje de forma clara, que experimentou esse sentimento na pele! Tinha recebido um postal de alguém muito proximo de nós, os primos, que se encontram actualmente em Londres, e cuja próximidade e convívio era grande, quando estavam em Portugal. Mas eu guardeí-o para lho entregar numa ocasião em que houvesse tempo para nos sentar-mos os 2 a conversar calmamente sobre os primos, sobre a sua ida para longe e o repentino afastamento ocorrido. Apesar de lhe ir explicando com antecedência, que ia dar-se uma separação física - (com mapas de Portugal e Inglaterra, mostrando-lhe os aviões em voo dizendo que foram para longe de avião, falando com eles ao telefone, etç... ) - isso mostrava ser um "conceito" algo complicado para ele assimilar, na altura.
Só que o Vasco não me deu o tal tempo e descobriu o envelope fechado, lendo o nome dele em Maiúsculas no destinatário, bem como o dos primos no remetente. De imediato percebi que o tempo era aquele mesmo, ainda que fossem horas de ir para a escola... Disse-lhe é teu, foi enviado para ti (tocando-lhe no peito)... Ele observou-o, percebendo de quem vinha e que lhe pertencia realmente. Abriu-o como se o tempo tivesse parado naquele instante, com uma silenciosa alegria, enquanto lhe ia falando sobre os primos, o avião, Londres fica muito longe de Portugal, e que eles foram para uma casa nova, e enviaram aquele postal só para o Vasco, por correio, e blá blá blá, e blá, blá, blá...
Compreendi, apenas pela sua expressão, que fazia pouco caso das minhas explicações como se já estivesse "careca" de as ouvir... o que ele queria mesmo era matar as tais saudades - palavra que não conhecia ainda, mas que eu lha ensineí naquele momento, porque senti que era o adequado, considerando os sentimentos que a sua cara reflectia.
Leu em vóz alta a primeira frase: EU GOSTO MUITO DO VASCO. E releu os nomes dos remetentes, por quem instintivamente mostrou, uma imensa e nostálgica saudade.
Eram mesmo horas de ir para a escola, então agarrou o seu postal abriu a porta chamou o elevador, entrou no carro e consigo além do postal, ia um mundo de pensamentos tais que a sua boca não se abriu em todo o percurso até à escola. Não estava triste, tinha saudades e sentia-se "importante" com o postal recebido. Chegamos à escola e disse-me abrindo a porta do carro:
"Mãe, guarda". Respondi-lhe que podería leva-lo se quizesse para mostrar às professoras, e logo o traríamos outravez para casa. Foi o que me ocorreu, porque acheí que ele não desejava separar-se já dos "primos" através do postal.
Depois seguiu-se a rotina, foi para a sala, sentou-se e abriu o caderno para mais umas aprendizagens.
Antes de vir embora, abordeí o assunto com as professoras da Unidade, onde ele estará mais tarde prosseguindo os seus estudos, pedindo-lhes que procurem que ele se manifeste também a elas, acerca do tal sentimento que por certo hoje passou por ele com alguma intensidade.
2 comentários:
Olha,...eu não consigo dizer nada!...Não há palavras....amo-vos muito muito e tenho saudades..........
É importante, trabalhar esses sentimentos...
O meu é com a tia na Guiné, quer sempre ir para lá, assim que lá chegasse quereria voltar...Claro que o meu junta à saudade o facto de o clima lá ser mais quente, mas podia ser outro país com clima quente, mas não é a Guiné e imagina em 3 anos as vezes que ele já referiu esse país. É diaramente várias vezes ao dia, que até cansa...
bjocas
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