quarta-feira, 12 de maio de 2010

UMA QUESTÂO DE FÉ


Tenho andado absolutamente impressionada com a forma como a vinda do Papa Bento XVI mobilizou milhares e milhares de pessoas, levando algumas a expressarem inclusivamente uma emotividade que muito respeito, mas que por mais que eu tente, não consigo na sua totalidade compreender. Acima de tudo respeito... Não tem mal nenhum que se emocionem com a personalidade em questão, é até muito positivo! Por certo é ignorância minha e desconhecimento de causa. Francamente não estou familiarizada com as atribuíções que se devem ao sumo pontífice... provavelmente é um grande homem e com grandes feitos realizados em prol da humanidade, de outra forma não despertaria tanta emoção. Prometi a mim mesma, nestes dias, debruçar-me sobre o assunto, porque me alimento da bondade dos outros e é sempre bom conhecer as acções daqueles que na prática se dedicam a fazer bem numa sociedade inteira que depois, justamente venera a pessoa que a pratica. Debruçar-me-ei para conhecer a sua obra (Se alguém me puder ajudar nestas informações, eu humildemente agradeço). Até lá, admiro e emociono-me com as obras daquelas pessoas que conheço - personalidades conhecidas, outras nem tanto: amigas que guardo no peito pela mão que sempre têm para dar aos outros; voluntários em causas "perdidas" que mais ninguém apoia; missionários religiosos ou não que dedicam as suas vidas aos que mais precisam por este mundo fora... tanta gente boa que ninguém venera... mas pouco importa, porque quem é bom por natureza, também não vive para louros. Pouco importa que não lhes reconheçam as virtudes, porque no fim das contas, é Deus quem nos "julga". A minha fé é esta - um Deus, uma força maior, transcendente, um criador, uma energia que nos move, que nos enche de alegria, e que nos segura na tristeza ... A minha fé é nas pessoas, nas suas acções diárias, pequenas, simples mas grandes e profundas... Emociono-me muitas vezes com pessoas assim!
Hoje estou em pensamento filosófico, existencial e espiritual, porque pensando nos valores que proclamam os representantes do vaticano e da igreja católica - que são valores de generosidade, de amor ao próximo, de misericórdia, de solidariedade e de fé - é com extrema alegria que vejo tantos milhares de pessoas que partilham desses ideais e portanto presumo que os pratiquem no seu dia a dia! (Talvez eu tenha andado algo distraída porque não me tenho apercebido de tanta generosidade assim - realmente tenho que andar mais atenta, considerando as emoções a que assisti hoje pela televisão).

10 comentários:

Ava disse...

Um interessante ponto de vista. Quanto à emoção e à fé, penso que é algo tão pessoal tão intrínseco a cada Ser humano que se revela nas mais variadas formas. Quanto ao Papa e à Igreja que ele representa à muito que me fez perder a fé e o interesse. Acredito muito mais nos homens de boa vontade, aqueles homens e mulheres que tão bem revelas no teu post, aquele que ajudam quem necessitam que abraçam com amor e carinho as ditas causas "perdidas" sem precisarem do reconhecimento, precisando muitas vezes de alguma ajuda para as causas que acreditam. Emociono-me sim, com essa gente anónima que por amor ajudam sem receber aplausos nem reconhecimento...

Um beijinho carinhoso, Ava.

Fê blue bird disse...

Amiga Atena:
Não podia estar mais de acordo com o que escreveu.
Também me interroguei ontem quando vi a multidão emocionada.
Será que é por estarmos carentes de valores morais e de fé?
Será que precisamos da fé para suportar as vicissitudes actuais?
Admiro, respeito e emociono-me também quando vejo amor,fé e entrega no rosto de alguém.
Admiro e invejo, porque a fé não se compra, nem se vende sente-se! Ou se tem ou não se tem!
Eu gostava de a ter assim profundamente, mas ainda não tive essa revelação, o que lamento, pois seria muitas vezes mais fácil o caminho.
Gosto sempre muito do que escreve.
Um beijinho

Mel disse...

Afinal, o que escreveu, é a expressão da sua fé, sentida e vivida à sua maneira. É isso que me liga à igreja católica: aceitar o outro na sua dimensão humana, o sermos todos filhos de Deus, mesmo com os nossos defeitos e actos menos bons.
Se sou católica praticante, se isso quer dizer particar todos os ritos, não o sou. Se é tentar ser, a cada dia que passa, melhor ser humano e transmitir isso aos meus filhos, então serei. Conheço muita gente ligada à igreja e, de entre os padres, com quem privei, fiquei sempre com a melhor das impressões: pessoas dedicadas à sua comunidade, que fizeram por ela aquilo que o poder politico veio fazer muito mais tarde (construção de jardins de infância, ocupação de tempos livres para os jovens, dinamização cultural, apoio domiciliario a familias em risco e idosos, criação de centros de dia e lares de idosos, tudo isto com o apoio da comunidade e tendo como dinamizador incansável o pároco, tendo o contributo politico chegado já depois da "casa arrumada" - haverá quem conheça, por exemplo, o Padre Sidónio, da paroquia da Brandoa, e de tudoo que ele fez pela mesma, quando aquela terra era olhada apenas como um dos maiores bairros de construção clandestina da Europa, com uma população operária, sem estruturas para os seus filhos). Ontem, um grupo daquela Paroquia, de Santa Teresinha do Menino Jesus e uma outra entretanto formada, a de Alfornelos, estiveram junto à Nunciatura a entoar cânticos ao PAPA.
Tive também já algumas experiências de fé: a do meu pai, que partiu quando eu tinha apenas 20 anos, depois de sofrer imenso com um cancro. A sua lição de vida e de entrega a Deus, nesse momento de grande sofrimento, estarão para sempre gravados no meu coração. Nessa altura, vivenciei uma grande revolta, mas tive sempre uma palavra de força por parte do meu querido pai, por parte do Padre que o assitia, que me ensinaram a aceitar a adversidade como algo que nos fortalece e não nos esmorece. Foi esse ensinamento que me fez pegar no problema do meu filho e seguir em frente, encontrar soluções e não ficar aterrada em mágoa, que me permite hoje ser feliz com a minha familia.
Ontem fui ver o Papa e experimentei um sentimento de comoção! É a figura máxima da fé que eu professo, enquanto católica, enquanto representante das coisas boas que já vi, aqueles que professam esta relegião, serem capazes de fazer.
Aos que não se emocionam, não faz mal, emocionam-se, por certo, com outras coisas boas, com outra dimensão da sua fé, que as faz buscar sempre o melhor nelas próprias e nos outros e, isso sim, é o mais importante.
Um grande abraço a todos.
Maria Anjos

Unknown disse...

Pois é amiga...
O papa vem a Portugal... Gastam-se milhões de euros...
O Benfica é Campeão...
Nossa Senhora de Fátima fez a sua aparição no dia 13 de Maio...
O povo anda distraído... enquanto isso os nossos governantes tentam tirar-nos uma percentagem do nosso subsídio de natal...

Mina disse...

Fé é fazer o bem sem olhar a quem!...
Acho que cada vez se bem perdendo mais os valores do catolicismo, e as pessoas estão mesmo carentes de fé, precisam de acreditar, e cada encontrasse naquilo em que acredita.

"Não pense que o amor, para ser genuíno,
tenha que ser extraordinário. O que é preciso
é amarmos sem nos cansarmos de fazê-lo."
"Cada vez que você sorri para alguém, é uma
acção de amor, um presente a essa pessoa,
uma coisa linda"
Madre Teresa de Calcutá

bjocas

su disse...

há uma necessidade [crescente] de algo por parte das pessoas. sentem-se perdidas e procuram-no desesperadas. seja [a recuperação de poder]através do futebol, seja [o conforto de acreditar que alguém está olhar por si] através do papa.

para mim, o papa não passa de um homem, igual a tantos outros. não o considero santidade. só um homem. com as suas virtudes, com os seus defeitos.

acredito, porém, que este homem poderia fazer muito mais, devido à posição que ocupa. poderia lutar para muita coisa. fazer mais, colocar a doutrina que tanto prega, em prática.

faz-me confusão [muita], tanta ostentação...

por isso, e por tantas outras coisa, o papa pouco me diz.

existem, sim, santidades... madre teresa foi uma delas. à sua frente, eu me ajoelho e peço-lhe a sua bênção. peço-lhe que me ensine a sentir jesus, tal como ela o sente.

madre teresa já não está entre nós [fisicamente] mas estará sempre connosco, pois o que esta mulher simples e humilde nos deixou, foi muito além do que aquilo que todos os homens comuns, que se sentaram naquela, esplendorosa e poderosa, cadeira, nos deixaram de herança.

sou uma pessoa de fé. mas não nesta(s) igreja(s). confesso que, por vezes, sinto falta daquela fé que tinha quando era menina... fé na mãe que nos ampara, no mano que está sempre ao nosso lado[era assim que eu chamava jesus]. não vou dizer que a igreja matou essa fé... mas fez estragos, imensos.

hoje, a minha fé está curar-se a si própria. porque a [verdadeira] religião está em nós, dentro de nós. descobri isso, quando me afastei da igreja. quando fiquei sozinha e senti que não estava sozinha... [afinal, a mãe carinhosa e mano protector continuavam ao meu lado].

o [verdadeiro]cristianismo [dos chinelos de tiras e túnica humilde] é o caminho, penso.

por isso, não venero o papa. não aceito o vaticano. não concordo com os [exageradamente ricos]paramentos.

na terça, fui ver o papa. porque era um desejo do meu pai e eu adoro mimar o meu pai. fiquei feliz... não por ver o papa [confesso, nada senti], mas por estar com o meu pai. por ter passado um dia fantástico ao seu lado.

acredito que é aqui que reside a verdade: mimar quem está ao nosso lado, ajudar quem precisa, emprestar o ombro... sem críticas... só com muito amor.

um beijinho para ti e para o vasco :)

samnio disse...

Entendo perfeitamente o que diz e respeito todos os tipos de fé, de uma forma muito especial, a fé com sinceridade, a fé pura, a fé despojada de qualquer tipo de interesse.
Não entendo porém, tanta faustosidade criada em torno do Papa, num país á beira do abismo e mais, como é que o Papa e a igreja o aceitam, quando Jesus, sempre teve uma vida simples e longe de tanta riqueza.

Atena disse...

Passados os momentos da "euforia", mantenho a mesma questão: Que feitos se atribuem ao representante máximo do catolicismo, que provoquem tantas emoções? Como não obtive grande informação, deduzi que as emoções se baseiam apenas naquilo que sua Santidade representa. Certo! Nada mais a declarar, estou esclarecida.
Agradeço - como sempre os vossos comentários e presença por aqui - fico motivada e muito feliz com isso! A cada um de vós dou agora uma palavra, porque todos me fizeram reflectir num assunto que de certa forma me intriga e me inquieta.

Querida AVA:
Este é de facto o meu ponto de vista, e fico tranquila percebendo que o mesmo, não é assim tão distante do de muitas outras pessoas. Por exemplo, do da Ava é muito semelhante...

Querida Fê:
Também acho que as pessoas estão carentes de valores morais e que precisam de fé para enfrentar as agruras da vida, mas parece-me que muitas vezes "se deitam na cama que fazem" e esquecem-se disso... Às vezes pergunto, será que também não choram pela culpa que sentem na forma como reagem, no dia a dia perante os seus "irmãos"?

Querida MEL:
Gosteí muito de tudo quanto escreveu e partilho o mesmo sentir, apenas não me emociono com "figuras representativas", prendem-me mais, as acções, e essas podem vir de qualquer ser humano, independentemente da religião a que pertençam. Também conheço grandes obras praticadas pela igreja e seus membros, e gostava muito que fossem todas assim! (O nosso mundo precisava tanto que esse papel não falhasse tantas vezes)!

Querida Silvia:
Pois é, isto ultimamente quase faz lembrar o tempo dos 3 F's - Futebol, Fado e Fátima... Por vezes temo que a vida seja como a História - repete-se e é ciclíca - Ai de nós se a coisa é assim!

Querida Mina:
Como quase sempre a Mina toca no ponto Fulcral: MADRE TERESA DE CALCUTÁ - Porventura uma das figuras da igreja católica que mais admiro, respeito e venero, por tudo de bom que fez... imparável esta sim, uma santa senhora - Emocionar-me-ia totalmente se a tivesse perto de mim. É o exemplo daquilo que julgo aproximar-se mais da perfeição como pessoa. O resto é apenas religião!

Querida Caminhante:
Bem digo eu que a Suzana, tem muito dentro de si, bem digo eu que é uma pessoa especial! (Para mim é). Gosteí muito da sua coragem, de abertamente expressar tudo o que sente acerca de um tema algo controverso e delicado. Mas este é sem duvida o seu sentir - e confesso que o meu também... a Suzana conseguiu dizer tudo aquilo que me faltou a mim e completou-me perfeitamente nas ideias. Registo algumas das suas palavras que são puras, plenas e nas quais todos os dias me revejo:
- "o papa é só um homem... com as suas virtudes e com os seus defeitos";
- "Faz-me confusão tanta ostentação";
- "Madre Teresa... à sua frente eu me ajoelho";
- "A verdadeira religião está em nós";
- "Quando fiqueí sozinha e senti que não estava sozinha";
- "Não concordo com os (exageradamente ricos) paramentos";
- " Fiqueí feliz... por estar com o meu pai";
- "... ajudar quem precisa... só com muito amor".

Querido Samnio;
Numa só frase também disse tudo, e é essa a frase que mais me faz reflectir sobre tudo isto: Como é que O papa e a igreja aceitam tanta ostentação, sendo que jesus foi um homem simples e distante de riquezas materiais - especialmente num mundo onde existem crianças que morrem de fome! Como é possivel aceitar a imensa riqueza de todo o vaticano? É dificil fechar os olhos a isto!

BEIJINHO A TODOS

Rosa Carioca disse...

Visitei este blog através do Diário de Bordo e gostei muito do que vi. Voltarei, com certeza.

Anónimo disse...

Olha, nem sei o que dizer. Este tema é demasiado complexo para mim. Acho que foi demasiada coisa para tao poucos dias...

 
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