Decorreu no passado dia 21, na AR, uma conferência parlamentar para debater a educação especial em Portugal, concretamente avaliar o Decreto-Lei 3/2008, que é desde então o instrumento legislativo que pressupõe a condução da nossa sociedade no caminho da inclusão.
Congratulo-me com a oportunidade de poder ter estado presente porque considero o acontecimento da mais elementar importância, porquanto é no parlamento que se tomam todas as decisões e que se delineiam caminhos. O manifesto interesse daquele grupo de trabalho, em ouvir os principais intervenientes no processo de inclusão das pessoas com especiais necessidades, é na minha opinião – além de imperioso – FUNDAMENTAL.
Durante aproximadamente 6 horas, abordaram-se praticamente todos os pontos vitais, relativos ao paradigma de ter nas escolas do nosso país, uma resposta justa e adequada, para com a diversidade – O ideal da existência de uma escola para TODOS - consagrado na constituição Portuguesa e assinado pelos mais altos responsáveis do nosso país em mais do que um tratado internacional… objetivo que, como é do conhecimento geral, está ainda longe de atingir.
Discutiram-se boas práticas e práticas menos boas… Confesso que lamentavelmente a maioria não são as desejáveis, e confesso também que senti revolver-se-me a ferida, com alguns relatos de situações que persistem ocorrer com estas crianças (para nem falar dos adultos, que entretanto como são de outros tempos, perderam o “comboio” da inclusão).
Colocaram-se dúvidas, desorientação perante algumas omissões do Decreto-Lei, receios quanto ao futuro, critica às tentações economicistas incompatíveis com o objetivo, etç., mas acima de tudo debateu-se o assunto perante quem decide sobre as nossas vidas, muitas vezes sem conhecimento do seu correspondente quotidiano. E ficou a certeza da continuação deste “trabalho” (a acontecer em Maio).
Senti - no decorrer de cada momento e nas palavras da maioria daqueles que quiseram participar - a emoção de estar perante pessoas que se interessam e lutam pelo tema. Senti emoção nas palavras e no sentir de professores, terapeutas, representantes associativos de vários quadrantes, diretores de colégios, dirigentes sindicais, deputados, e PAIS… (Nós também estivemos lá)! E não, não estamos sozinhos. Podemos (legitimamente) sentir que somos poucos, que temos pouco quem nos apoie, quem considere e olhe para as nossas dificuldades, mas efetivamente sempre existe quem caminhe connosco.
Trago a convicção de que este caminho é longo e a certeza (que já tinha), de que o processo de inclusão trás consigo a exigência da necessidade de uma articulação quase perfeita entre os vários e distintos intervenientes – (com diferentes interesses, caracteres, e sensibilidades) - que não se me afigura de fácil execução. Contudo, (por defeito) inclino-me a olhar com esperança para a frente e a valorizar o que até aqui se atingiu (resultado da luta de outros), e nesta perspetiva acreditar que da mesma forma o caminho será em direção a mais e melhor Luz. Não pode ser diferente!
Aos pais digo: Há que acreditar, pensar positivo e não resignar nunca. Compete-nos, por destino, por missão e sobretudo por amor, essa obrigação.
Aos professores, terapeutas, e auxiliares (que verdadeiramente se empenham): A minha mais sincera gratidão e o pedido para que não desistam, não se deixem enrolar na espiral da desmotivação e descontentamento pelas dificuldades que bem sei, tantas vezes vos surgem – JUNTOS havemos de ir subindo cada vez mais degraus e só nós sabemos a felicidade única que isso também proporciona.
Para terminar, e já no final de um dia, (digamos que), intenso, chego a casa e recebo – daquele que é o motor do muito que sou e faço hoje – um sorriso absolutamente maravilhoso, um abraço efusivo com os mais doces beijos, e estas 3 palavrinhas mágicas:
- Mamã, mamã, chegaste!
8 comentários:
Não estou nos meus dias!!!
Mas este mamã chegastes, bateu forte, só isso faz logo levantar a moral e reanimar uma mãe...
bjinhos
Não pude estar presente, por isso, agradeço a partilha e o relato.
Há muito a fazer pela inclusão.
O diagnóstico da situação está praticamente realizado. Faltam as medidas e vontade, sobretudo política, mas também de muitos profissionais da educação, para melhorar este processo de inclusão!
Quando não estou nos meus dias o chegar a casa e ser recebida com "Mamã chegou!!!" e vir a correr para os meus abraços encher-me de beijos, faz-me esquecer tudo o resto... Não há nada melhor :)
Tomara que discutam esse assunto colocando sempre como prioridade o indivíduo, em vez do economismo...
Eu também tenho esperança.
Mais um post cheio de ternura que leio no dia da Consciencialização do Autismo
Beijinho, amiga
Queria muito, muito estar presente...
Infelizmente não deu. Mas sei que tu foste um elemento importante para a nossa defesa quanto pais .
O caminho é longo, mas nós estamos aqui para o fazer ! Temos de lutar e nunca resignar.
Acredito que no fim dessa luta mão houve melhor recompensa que a voz do teu filhote ....
Beijos com muitas saudades !
Este mamã chegou , valeu toda a caminhada.
Parabéns mamãe , voce fez para muitos meninos e meninas com autismo.
Mil beijinhos para ti e o filhote lindo , eu vi na primavera, um gato, um fofo!
Ray
Atena:
O caminho faz-se caminhando e de passo em passo há-de chegar ao seu destino.
Beijinhos
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