Hoje conto-vos uma pequena "história":
Supermercado cheio, pessoas atarefadas às compras, procurando principalmente bens essenciais - (precisamos sempre de comer). Várias caixas para efectuar os pagamentos. Numa delas, duas mulheres com idades semelhantes, mas rostos diferentes... A da frente, não precisou de carrinho, nem tão pouco de cesto - iria gastar pouco. Com os codigos de barras, passam pela registadora, uma cebola pequena e um tomate. Tinha um euro na mão e no pensamento um receio enorme que não chegasse. A operadora informa que são quarenta centimos, transparecendo de imediato na cliente, um obvio alívio:
- Ah, e eu a pensar que não chegava! (Chegou, e ainda sobrou, que sorte).
A Assistir a isto, a mulher imediatamente a seguir - cesto cheio, tão pouco precisou de carrinho, mas sem duvida um contraste inquietante. Frutas de varios tipos, legumes a peso na balança, azeitonas e pão. A operadora informa o valor, transparece uma expressão relativamente tranquila no olhar... mas o coração aperta-se-lhe e o pensamento angustia-se.
Duas mulheres, as mesmas necessidades, percursos de vida diferentes....Nesta história sem "moral", o final não é feliz, nem infeliz, apenas porque esta é uma história real. Desconheço totalmente a identidade da senhora da frente. A senhora de trás era EU! Nesse dia foi dificil tranquilizar o meu espírito, pela vivencia de tão evidente contraste, mas sobretudo pela minha "vergonhosa" inacção! Costumo sentir-me uma pessoa sensível ao que se passa em meu redor, e interventiva sempre que possivel. Podemos e devemos sempre intervir nestas situações, até porque hoje pelos outros, amanhã por nós mesmos. Ninguém tem o destino nas mãos e a vida dá voltas que nem sempre esperamos. Tendo tudo isto em mente, como fui eu deixar passar tal evidencia?
No fundo serviu para que eu olhe para mim mesma e perceba que por vezes andamos tão distraídos com os nossos problemas que não olhamos para os lados - chama-se a isto distracção ou egoísmo? Seja lá o que for, é algo definitivamente a melhorar em mim.
No fundo serviu para eu entender que ainda me falta muito para crescer e evoluir, porque estas distrações ajudam à manutenção do nosso mundo, tal como ele hoje está, e eu acredito que ele pode vir a ser um mundo muito melhor. Mas acreditar não chega, é preciso agir!
2 comentários:
Minha querida
Contrastes gritantes, ninguém sabe ao que pode chegar, e o mais comum é essas pessoas nem pedirem. A pobreza envergonhada.
Outras hà que também observo casos que cortam na alimentação, mas são capazes de ter um telemóvel top gama, ou ter duas viaturas, para mantêr as aparências.
Não podemos mudar o mundo, mas o estar-mos atentos já pode ajudar. E tu estás.
Dentro das minhas poucas possibilidadades, já tento ajudar os que gravitam em redor...
Não gosto de dar dinheiro, até porque nem sempre ele é utilizado para os melhores fins, mas alimentos estou sempre disponível...
bjocas
Amiga:
Não é por maldade, mas andamos sempre tão absortos nos nossos problemas que às vezes esquecemos o "mundo" à nossa volta.
Já reparou que muitas vezes basta um sorriso, uma atenção e logo encontramos alguém que nos conta quase toda a sua vida.
As pessoas andam carentes, e não é só materialmente.
A diferença é que uns reflectem sobre isso, e outros passa-lhes completamente ao lado.
Um beijinho grande
Fê
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