sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

SÓ POR HOJE :)

Estamos no carnaval. Época de folia, festa e diversão. Altura de nos mascarar-mos... de enveredarmos um personagem diferente do que somos - (tinha a ideia que isso é coisa que já fazemos todo o ano, mas no carnaval, a coisa toma outros contornos e dizem que ninguém leva a mal)... Portanto no carnaval vestimos outras roupas, colocamos outra maquiagem e rimos... rimos muito do disparate que personificamos nestes dias. Rimos dos outros e rimos de nós - Dizem que é saudável.
Depois de muito pensar, decidi mascarar-me de mãe "desistente"... Só por hoje. Além do figurino eventualmente mais despreocupado, supostamente a condizer com a alma, vou adotar também uma peruca loira, para fazer jus ao mito da loira burra (que me desculpem as verdadeiras loiras, que sei, não têm relação com o rótulo). Só por hoje, por exemplo, vou à escola, deixo lá o meu filho e não pergunto nada, apenas sorrio porque está tudo a correr bem, e perguntar até pode ofender. Só por hoje vou sentir-me sortuda por tudo o que um menino como o meu filho já tem dentro da escola, porque antigamente "eles" não tinham nada, nem iam à escola. Só por hoje vou fingir que não sei que ainda muitos, dentro das escolas, acham que estes meninos não deviam andar na escola... Só por hoje, vou ouvir o me possam dizer - mesmo que sem grande sentido, mesmo que atente descaradamente contra os seus direitos mais básicos, mesmo que o que me digam venha mascarado de um sorriso e... vou sorrir também... Aliás, rir... muito... dos outros, de mim, com os outros e comigo! Só por hoje, dizem que é a melhor forma de levar a vida e no fim do dia, todos alegres e contentes, vamos para casa dormir descansados, convictos de que encarnamos um bom papel.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A CORAGEM DOS OUTROS!

No exato momento em que na passada semana, noticiavam que se até às 16 horas desse dia, os manifestantes numa praça da Ucrânia não dispersassem, seguiriam ordens do presidente para a policia os dispersar, senti como que de forma premonitória mas muito evidente, o cheiro da luta e da morte no ar...  Assim pensei, visualizando internamente, e assim aconteceu!
Foi depois com um sentimento indiscritível e uma mistura de vários pensamentos que a tudo assisti impávida mas não serenamente, através da minha televisão.
Retive de tudo o que vi - no conforto de um país de hipócritas (no qual me incluo) - a força que o carater e a união das pessoas ainda podem ter na mudança de um percurso da história. Retive as mortes que lamentavelmente costumam ficar como símbolos heroicos destas lutas e retive o que realmente querem dizer algumas pequenas palavras, como coragem, convicção, persistência, entrega, liberdade... Retive que não devia ser assim, mas que assim é!
Retive o melhor e o pior do ser humano... e retive que o mundo é tão grande, que é feito de tanta coisa, mas que para que determinados resultados se deem são e serão sempre as pessoas - as suas atitudes, ações e gestos - que fazem da vida aquilo que ela verdadeiramente é!
Talvez tenha passado ao lado (ou por cima, ou por baixo) de muitos de nós, mas não a quem seja sensível a causas...
Entretanto por este mundo fora, outras lutas com outras pessoas e outras causas, se vão impondo e resultando conforme as convicções, a coragem, a persistência e a força, que os seus intervenientes lhes entreguem.
Entretanto outras injustiças... mas também outras pessoas de coragem existirão sempre para mudar mesmo, o percurso das coisas. Ah quem me dera ser assim corajosa!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A NOSSA FORÇA E A FORÇA DA CORRENTE

Dizem e com toda a propriedade, que nenhum filho traz manual de instruções... Não traz e os desafios são tantos... O caminho à frente é tão incerto que fazer opções, (tomar atitudes e determinadas posturas), perante os mesmos, por mais pequenas que possam ser, é muitas vezes uma duvida angustiante.
- Fazemos o melhor que pudemos... mas o problema é fazermos o melhor que pudemos dentro daquilo que no fim, seja mesmo o melhor - que nem sempre sabemos e cujos meios/instrumentos, muitas vezes, não temos.
Não Sabemos, não há como saber... e muitas vezes não temos, nem temos mesmo como ter. Arriscamos, portanto... seguimos instintos, abrimos portas sem saber o que nos espera do outro lado - as coisas dependem sempre de muitas situações alheias a nós, do desconhecido, do imprevisível, dos outros... E no fim os resultados são e serão sempre fruto das opções e posições que tomarmos, com aquilo que temos. Isto é extremamente difícil, ingrato e algumas vezes inglório. É uma prova demasiado exigente que tem risco de extravasar as capacidades de quem tem à partida o desafio de educar, formar e fazer da vida dos filhos com condição considerada diferente, uma vida futura condigna. Mas, não vejo outro caminho...
Aceitar, dizem que nos dá tranquilidade, serenidade...
Mas aceitar o quê? Do que é que se fala quando se diz aceitar um filho diferente? Aceitar esse filho exatamente como ele é e decidir calmamente que se ele tem uma determinada forma de ser, estar e agir, tem de ser respeitada e não adianta muda-lo...?
A mim não me serve, não me traz tranquilidade nem serenidade - Nenhuma mãe aceita os filhos como os recebe à nascença e por isso, legitimamente luta em cada dia para mais e melhor capacita-los para a vida. Com as mães de filhos com alguma diferença, passa-se exatamente o mesmo - Não nos resignamos a uma aceitação conformista porque sabemos que eles - como todos - crescem, evoluem, aprendem, especialmente se houver verdadeiro "investimento" neles - da nossa parte (família) e do mundo.
Aceitar como eles são - sim, mas com a ambição que incumbe e assiste naturalmente a todos os pais e mães, de querer que sejam gente na sociedade! GENTE!
Mas a sociedade por vezes acusa-nos de queremos o impossível, de não vermos nem aceitarmos a realidade (normalmente a limitada realidade dos que assim pensam), de não nos resignarmos, de querermos mais, de queremos muito... Quando os pais/mães de filhos diferentes querem mais, não raras vezes são apelidados de utópicos, de sonhadores, de problemáticos, de estarem em processo de luto...
Esta miserável questão, entre a saudável ambição de querer mais para um filho diferente e a filosofia de uma parte da sociedade que nos rotula como mães em luto, que se aceitássemos, resignaríamos e seriamos mais felizes, enoja-me! Aceito há bastante tempo o meu filho tal como ele é, e por isso mesmo sei que tem potencialidades e capacidades pelo que lutarei por isso, mesmo que me queiram fazer sentir que estou em luto. O meu luto a existir prende-se com a constatação de uma parte demasiado grande da sociedade, me negar esses direitos, de mos tornar de acesso tão difícil, de mos fazer a cada instante mendigar por eles! É esse o meu luto, é isso que ainda não aceito com a devida calma e é isso que espero nunca vir a aceitar com calma nenhuma. Quero, como todos os pais, o melhor da vida para o meu filho, mesmo sabendo que o mundo é  "sometimes a horrible place to be"... Na verdade e a sê-lo, é-o para todos, mas também é verdade que somos nós todos, que vamos fazendo o mundo.
Hoje, aquilo que quero dizer às mães que eventualmente sejam colocadas em duvida pela força desta hipócrita "corrente" (como eu também por vezes sou), é que lutem, invistam, acreditem, mobilizem porque o que interessa são mesmo os nossos filhos e a nossa força, se começar a ser comum e visível, alguma influência tem no caminho dos nossos filhos! Além do mais, queria deixar algumas reflexões que por vezes ainda faço:  Se não formos nós a faze-lo, quem será? Se não o fizermos, estaremos em condições de esperar o quê dos outros?
(Depois e pessoalmente penso tantas vezes no orgulho que o meu filho pode ter em nós quando o fazemos!)
 
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