quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

RELOGIO DE PULSO E DE PAREDE

Sem duvida que o Vasco sabia bem o que queria de prenda no Natal! Um relógio de Pulso e um relógio de parede...
Como eu disse, procuraríamos todas as lojas, se fosse preciso para as encontrar, mas facilmente demos de caras com as ditas prendas, que repetiu querer, sempre que reformulavamos a pergunta (não fosse ele mudar de opinião). Recebeu outras e gostou bastante de tudo, mas nada se compara à alegria sentida no desembrulhar dos seus relógios! Só mesmo vendo...

domingo, 27 de dezembro de 2009

UM 2009 RELATIVAMENTE FELIZ

A terminar o mês de Dezembro, terminus também de 1 ano onde sempre acontecem muitas coisas, dá-se a habitual tendência para o recapitular dos dias que o compuzeram, de forma unica para cada um de nós.
- 365 dias... tantos dias, trazem sempre consigo um pouco de tudo. Importa reflectir nos nossos actos perante as situações, no que fizémos, no que deixamos de fazer, que opções tomámos e quais as que não nos deixaram hipótese de escolha... No fim "espreme-se" tudo, e no "sumo" que cair no copo fica o resultado: doce ou amargo correspondente ao resumo do ano.

Por mim nem preciso reflectir muito, porque sinto-me relativamente feliz!
Vou tendo a saude necessária que me permite seguir caminho sem paragens; temos a força de uma união a dois que se vai solidificando e nos vai fortalecendo os dias; o nosso Vasco tem correspondido com evoluções muito importantes... e com isto o ano tinha já saldo altamente positivo.
Depois, vamos podendo pagar as contas, continuamos a poder fazer face às necessidades que surgem e acima de tudo temos comer no prato, que felizmente até podemos escolher...
De uma forma global, olhando para os lados, sinto que temos tantos previlégios que por mais duras que possam ser algumas questões, no final das contas o gosto que fica por mais 1 ano passado, tem de ser necessáriamente doce. Seria ingrato sentir diferente... Mas na verdade sinto-me relativamente feliz, naturalmente.
Penso que grande parte das pessoas, talvez não veja bem os imensos previlégios que têm, não avaliam como nota alta determinadas capacidades nem o conforto que vão tendo, não valorizam os aspectos mais emocionais da vida, nem a paz de que ainda são feitos os nossos dias por cá. Fixam o seu pensamento em tudo aquilo que não têm e por conseguinte neste recapitular anual, o apuramento do resultado saberá sempre a insuficiente. O sentimento de insatisfação não trás felicidade e normalmente vem acompanhado de uma ambição inutil que gasta os preciosos dias que temos de vida, sem vivê-la realmente, nem que seja aos bocadinhos...

Não vou deixar os habituais votos de que o Natal tenha sido bom, e de que o ano novo seja muito feliz, porque é demasiado lugar comum... Vou, ao invés fazer o que faço todos os dias - antes de mais agradecer o que tenho, depois pedir discernimento para saber enfrentar os obstáculos que não possam ser mudados e força para contornar os que o possam ser; finalmente dizer que o que desejo para para mim, desejo igualmente para todos... mas Deus sabe que não consigo passar muitos dias, sem pedir-lhe que esteja principalmete do lado daqueles que mais precisam, porque a dor e o sofrimento, são um bocado como o dinheiro, não estão nada bem distribuídos e como a fé é pessoal e é - como muitos dizem o que salva - de vez em quando vou falando com ele com muita fé, porque a relatividade da minha felicidade também se prende com o facto de reconhecer que vivo num mundo com disparidades brutais onde existem sitios plenos de miséria e desgraça, facto pelo qual por muita alegria que eu pudesse ter, ela seria provavelmente, sempre relativa.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

EMOÇÕES


... Rodeada de um jardim quase edílico, sento-me e oiço apenas os pássaros que por aqui circundam. Observo as boas condições desta instituíção, que já conheço há algum tempo.
Entro no edifício, bebo um café. No bar, sentados estão adultos especiais - pela pureza, pela docura, pelo diagnóstico... Um nome que carregam com eles e que dizem, dura por toda uma vida. Por momentos penseí nas suas mães, talvez nos tenhamos vestido da mesma cor, aquando da "sentença" que cedo nos transmitiram para o futuro dos nossos filhos. Algumas diferenças marcam no entanto as situações - o prognóstico: que difere desde os casos mais graves aos de "melhor funcionamento"; e o tempo: a evolução das coisas que ele arrasta consigo - a bem e muitas vezes a mal. Ainda assim, felizmente para as mães de hoje e sobretudo para aquelas cujos filhos têm melhor prognóstico, as coisas vão evoluíndo.
Olho discretamente para eles... um ou outro olha-me directamente, observa-me e ri. Depois um grito forte, alguma agitação e outro doce sorriso, que saído daqueles rostos de adulto/criança me invadem, provocando-me a mais terna sensação que não posso aqui descrever. Apetece sentar-me com um deles e tentar que nos comuniquemos. Falar a sua lingua, nem sei se é a mesma que a minha, por isso acobardo-me e deixo-me estar quieta.Por isso e porque não quero perturbar nada daquela paz harmoniosa que paira na sala de bar da instituíção que é a casa deles. Guardo as minhas vontades, amachucando-as dentro de mim como papel que não presta e deixo-me estar. Tinha tanto amor para dar-lhes... Ou talvez tudo isto sejam ilusões que a realidade do dia-a-dia com eles, me mostrasse ser diferente, caso eu pudesse ali trabalhar. Não seí e nunca sabereí. Mas sinto tanto amor por eles...
Também este "amor", confesso que muito provavelmente devo ao meu filho. Por ele os meus olhos viram já até hoje coisas que balançaram totalmente a vida rotineira, superficial e algo egoísta que por certo eu iria levar. Não quero aqui descrever ao pormenor, nenhuma dessas minhas vivências porque "desvirtuaría" a realidade, que muito mais que escrita por alguém, só mesmo vivida por cada um é que podería ser totalmente compreendida! Duvido, no entanto que fosse muito diferente o sentir como a vida é capaz de fazer-nos transpôr os mais duros obstáculos, sem esperarmos.
Na verdade sinto-me "dorida", mas também muito enrriquecida.
A primeira vez que vim a este local, vinha com o pai e com o Vasco. O assunto era ele... recordo a dor dilacerante que não me deixava sequer raciocinar, quanto mais ver alguma coisa...recordo que pouco ouvi do que me diziam as técnicas e pouco mais sentia que dormência e dor na alma, até ao fundo, ao mais fundo que se possa imaginar. Também vi os adultos - como hoje, o jardim, as instalações... tudo estava mais ou menos na mesma... tudo, menos eu e o pai, que perdidos no meio de um temporal sem fim, ainda punhamos a hipótese de que estar ali seria apenas um pesadelo do qual acordaríamos em breve, para contar um ao outro como passamos a noite.
Os adultos que hoje vi e pelos quais senti de imediato um doce carinho, recordo na altura me terem parecido profundamente alheados do chão onde eu costumava colocar os meus pés...
Passaram alguns anos, e cá estou eu mais uma vez, neste magnífico jardim, com um silêncio dos deuses que me dá espaço e tempo para pensar tranquilamente, arrumando as ideias e recapitulando bocados de vida. Felizmente com outras emoções. Emoções que evoluíram positivamente após muita luta interior, num caminho que ainda terá muito mais estrada a percorrer.
Hoje, de facto as emoções são outras, mas são sempre muito fortes emoções!
Saio daqui com um raciocínio mais lógico e com a certeza de que estas estruturas são necessárias. Saio também com a esperança e o sonho, de que a resposta para o meu menino virá a ser outra, e o sonho hoje vai comandando a minha vida.
De qualquer forma, vou com uma parte de mim vazia, um lamento profundo, porque apesar de os querer ver, como felizes ali, este inexplicável vazio que levo, contraria a ideia.
Observo-os e não posso dizer que saio daqui feliz porque pelo menos para estes adultos existem bons recursos... Na verdade desejava outra vida para cada um destes homens! Talvez seja certo e legítimo este meu sentir... ou talvez não. Ainda não consigo aceitar esta forma de autismo que aqui observo (grave), como apenas uma outra forma de ser... ainda não "evoluí" nesse sentido, nem sei se quero. Ainda mantenho os meus pés no chão, e penso que sei distinguir o que nos surge como dificuldade mas com esperança, de onde ela já não existe sob forma nenhuma.
Este autismo adulto (grave) deixa-me uma marca por achar que a sua impenetrabilidade e alheamento lhes roubaram muito desta vida. Deixa-me uma marca porque imagino em cada um deles, uma história familiar dolorosa e um futuro sem horizontes, nem expectativas.
Mesmo assim e no meu desespero em procurar o positivo, que acredito haver em todas as situações, encontro como privilégio só deles, o facto de que a tal impermeabilidade deles a esta vida, também os salvaguarda de irem conhecendo as coisas mais vís e sujas que por aí abundam, e como tal, naturalmente a felicidade também existirá nos seus corações, pelo menos em alguns momentos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

ESTRELA DE NATAL


Nunca tive especial jeito para artes manuais. Digo-o com a mais pura das sinceridades. Acho até, que mesmo que existam técnicas para disfarçar esta minha falta de jeito, as coisas não me saiem brilhantes, porque falta sempre aquele toque de "mágica" das pessoas que nasceram com uma espécie de "dom artístico"... e em abono da verdade, também me falta um bocadinho de paciencia para este tipo de artes.
Sei apreciar e valorizo imenso quem o faz,(especialmente dada a minha inabilidade), mas definitavamente compro sempre tudo feito.
Acontece que por vezes outros valores se levantam e somos obrigados a enfrentar o "monstro"...
Da escola do meu Vasco, entregaram aos pais uma estrela em cartolina, para enfeitar e escrever uma mensagem, ao nosso critério, claro. Ainda penseí se incumbia o pai desta tarefa, mas acheí-o tão ocupado com trabalho que não tive coragem. Depois decidi que tinha que pôr mãos à obra, mesmo sem jeito e sem a menor ideia sobre como o fazer.
Tranquilizou-me pensar que como já existe um pouco de tudo, deveríam haver imensas coisas fáceis de fazer e em estilo "estalar de dedos", a estrela ficaría um espetáculo. O que eu não queria mesmo era que a sua decoração ficasse mal no "retrato", mas nem sabia por onde começar.

Como em outras ocasiões da vida, tive uma ajuda preciosa... Um casal simplesmente 5 estrelas - donos de uma papelaria e loja de artes decorativas mesmo onde nós moramos. Apenas costumo ir lá comprar o jornal ou cigarros e conhecia-os portanto, sómente de vista, (e julgo que vice-versa).
Entreí, olheí para a parte dos materiais e artigos já feitos e expostos, como um Burro olha para um palácio, a coisa afinal não ia ser assim tão fácil... mas prontamente fui atendida e acabaram por fazer muito mais que isso!
A estrela brilha no quadro, porque a minha vontade de facto era muita, mas muito porque no meu caminho surgiram, perfeitamente impecáveis, a Srª Helena e esposo que tiveram a grande amabilidade e paciencia de me dar uma espécie de "curso" intensivo de uns 30 minutos na sua loja, que ainda para mais estava aberta e com clientes a entrar e sair.
Fica uma sensação tão agradável quando somos tratados assim... e fica a certeza de que esta atenção reflecte uma acção gratuita, perfeitamente desinteressada e amavél de pessoas com aquele carácter especial, de que eu tanto preciso e gosto, mas que vai havendo pouco.
MUITO OBRIGADA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

PARA PENSAR...


"Não tentes carregar os fardos sózinho. Uma falsa independência pode ser auto-destruídora.
A verdadeira força está em admitir que não se consegue tudo sózinho.
Pede ajuda ou carinho, sempre que precisares deles".
(Ane C. Fone)

Um bom pensamento para quem, por vezes caí nesta tentação ... Não há super-homens! (nem super-mulheres)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

DIA INTERNACIONAL DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA


... Hoje senti que devo ser muito exigente nas minhas ambições.

Acheí que este dia viesse a ser celebrado de forma mais vísível... que lhe dessem mais importância, especialmente nos media. Compreí jornais e vi televisão, mas nada de muito significativo li, que marcasse este dia, a não ser a possibilidade de andar de comboio gratuitamente, aos deficientes que o comprovem com documento próprio... Sabe-me a pouco e não quero alongar-me comentando a atenção da CP, porque alguma revolta começa a invadir o meu pensamento nesta altura... o que não é grato para com a "gentileza" da CP.

Sentimentos à parte, este é um dia importante porque é suposto - pelo menos nestes dias - destapar-se um pouco mais o véu que abafa muitas vezes a diferença, atrasando a sua caminhada positiva rumo a uma sociedade menos ignorante e mais justa.
Podem até dizer-me que já se conseguiu muito, ao que eu nem sequer contesto: concerteza que sim, mas em que posição estamos nesta matéria em termos práticos de vida dos cidadãos deficientes e suas familias? E para onde é que se pretende caminhar?
Sinto tudo "pouco"... os progressos parecem-me lentos. Persistem com alguma relevância, a indiferença e a intolerância social; faltam respostas de acompanhamento multidisciplinar sólidas, faltam respostas que equacionem todo um percurso desde a nascença até ao fim da vida das pessoas com deficiencia... faltam apoios de quase toda a espécie. Julgo mesmo, que nem sequer existe um estudo global, concreto e fidedigno que permita quantificar a deficiencia em numeros, por zonas e necessidades, afim de se poder inclusivamente fazer face às mesmas, com coerência e sem as falhas que se verificam.
Penso portanto, que é preciso muito mais...

Não queria ler mais notícias como a que li, infelizmente hoje, sobre uma mãe (médica -Hosp. Stª.Mª.) de uma menina com paralesia cerebral, que se fechou em casa enchendo-se e à filha com medicação, que pensou lhes retiraría a vida e o sofrimento em que provavelmente estavam as duas a viver, solitáriamente! Tenho receio até de imaginar outras mães que porventura lidam com a mesma batalha diáriamente, possam rever-se no problema, pensando na mesma resposta como solução!

Perdoem-me a exigência... mas esperava mais neste dia, espero mais todos os dias e luto por mais conforme posso, mas também cada vez vou podendo menos...
Perdoem-me as exigências mas é natural de quem também sente estas coisas na pele.

domingo, 29 de novembro de 2009

O Nosso Natal


Cá por casa, consegue-se fugir pouco aos costumes natalícios da actualidade, mas o sentimento com que o vivemos e a ordem de importância que damos às coisas desta quadra, talvez seja um pouquinho distinta.
Compram-se presentes - uns de coração, outros nem tanto...
Come-se à farta - sempre mais do que necessário...
E junta-se a familia...

No fundo, não sou bom exemplo, porque segundo as minhas ideias sobre o Natal, não devia compactuar com este tipo de festevidades, ou pelo menos com algumas das suas formas.
A minha "redenção" faço-a através do meu querido Vasco... Com ele comeceí a ver o que realmente é importante e o resto é como que um automatismo que pouca coisa me diz. Este sentimento é partilhado com o pai que mo confessa nas nossas muitas conversas.
O nosso verdadeiro Natal é o Vasco pedir-nos para fazer a àrvore de Natal, com aquela ansiedade naif que caracteriza a maioria das crianças levando-me a pensar que o Natal é mesmo deles, e a sentir por momentos que as diferenças entre o Vasco e os outros meninos da sua idade, parecem por vezes tão ténues...
O nosso verdadeiro Natal é perguntar-lhe pelo 5º. ano consecutivo (desde os seus 2 anos que o fazíamos), que prendas quer receber do pai Natal, e obter uma resposta com a sua voz maravilhosa, que demoramos tanto tempo para ouvir...
O nosso verdadeiro Natal é que mesmo que a excentrícidade do seu desejo com as prendas possa parecer significativa - diz que quer um relógio de parede e um relógio de pulso - nós iremos na mais total felicidade em busca das suas prendas favoritas, seja lá onde for e ansiamos pela alegria, que esperamos se lhe vá estampar no rosto, ao desembrulhar o seu magnífico presente. Pelo meio compraremos outros - como sempre - na esperança que desenvolva nele o gosto por brincadeiras comuns, como já acontece com muitos brinquedos hoje.

São estes alguns dos pontos altos no nosso Natal, e acreditem que são estes os momentos da mais pura das felicidades que esta quadra nos oferece.
Sinto-me grata por ir conseguindo ter a possibilidade de ter tudo o resto, mas o nosso Vasco ensinou-nos a viver uma outra magia no Natal e a valorizar coisas que provavelmente pouco interesse suscitam no Natal de outros.

Natal Adiantado


Aproxima-se o mês de Natal, mas há muito que se vêm os seus sinais por toda a parte. A meu ver, antecipação algo precoce, se considerarmos que o mês que lhe pertence é o mês de Dezembro. Este "adiantamento" assenta provavelmente em aspectos económico-comerciais e com a importância de ir embuíndo nas pessoas o tal espírito Natalício, que seduz, impelindo-nos mais cedo ao impulso de comprar. A ser esta uma verdade, valia mais, pôr as cartas na mesa e dizer que hoje em dia o Natal representa, principalmente uma desenfreada corrida ao consumo, desvalorizando-se outros principios que deveriam surgir em primeiro lugar.
No geral, dá-me ideia (e talvez possa estar errada), que os presenteados cada vez ligam menos aos presentes, porque são em excesso...
Os que os oferecem (não raras vezes), compram como um descarte de consciencia próprio apenas da obrigação de presentear, ou pensam no valor que o dito presente vá aparentar.
Salvo as excepções, o Natal começa em primeiro lugar a resumir-se a isto, surgindo então para planos mais secundários, outros aspectos:
SOLIDARIEDADE: Solidifica-se e cresce nesta época - pena que seja um BUMMM de Dezembro... ainda assim é sempre muito bem vinda e comove.
FAMILIA: As famílias juntam-se e convivem como se tivessem relacionamentos de amor perfeito, o que mesmo que só por 1 ou 2 dias, já me parece positivo. Outras há que nem nestes 2 ínfimos dias do ano, se podem sequer ver.
RELIGIÃO: Sempre controversa e muito subjectiva pelo que gosto pouco de comentar. Apenas uma nota para dizer que curiosamente, embora esta quadra seja antes de mais uma celebração religiosa, parece que grande parte das pessoas se esquece deste facto baseando a "festa" nas prendas e no comer à farta (isto quem ainda pode).
Mas o que mais me intriga no Natal, é a loucura que parece pairar no ar e invadir os comportamentos da generalidade das pessoas, que revelam por esta altura uma aceleração, ansiedade e nervosismo tão fora do normal, que quase me causa receio pensar que tenho que pôr um pé fora de casa. (Será que o subsídeo de Natal faz mal?)

De facto o ser humano está em constante mudança e isso reflecte-se em tudo, nomeadamente na forma como tem "evoluído" a celebração do nascimento de Cristo.

sábado, 28 de novembro de 2009

O Caminho dos Pensamentos


Os sons, por exemplo - alguns inspiram-me e transportam-me a um mundo infinito de pensamentos....
O som da chuva forte que bate numa qualquer janela...
O simples assobiar do vento por entre folhas...
O bater das ondas do mar nas rochas, ou o som da água que segue o seu percurso nas nascentes...
Pode ser o barulho repetido de um comboio sobre carrís, e pode até ser o som que consigo ouvir quando o silêncio impera.
Nesses momentos dou por mim absorvida em pensamentos que nem sempre escolho. Apesar de os podermos tentar condicionar (por vezes com enorme esforço), os pensamentos não são controláveis e resvalam para onde muito bem querem.
Costumo tentar que sigam caminhos floridos com cheiro a orquídeas e jasmins; posso tentar pensar nos doces sorrisos das crianças - quase sempre puros, isentos da malícia do passar dos anos; Posso tentar pensar no fascinante milagre que é a concepção da vida e em como uma célula fabulosamente se desenvolve; posso até tentar focar os meus pensamentos no amor que dou e recebo, como um encontro de almas quase gémeas que crescem lado a lado, ultrapassando as mais difíceis barreiras...

São os pensamentos positivos que procuro sempre, porque são eles que muitas vezes me seguram de pé e impelem a seguir em frente com coragem e até alegria...
... Só que os pensamentos nem sempre se controlam e por vezes invadem-me, empurrando-me para caminhos mais sombrios.
Ideias que me pesam bem mais e que me carregam a alma de um cansaço persistente que procuro a todo o custo abafar, numa espécie de finta ao pensamento - muitas vezes, por mim perdida.
E quando ele segue indomável por esse trilho, mais não posso que deixar-me ir, chorar se for preciso e esperar que a luz que sempre se acende nestes momentos, seja breve na sua chegada e suficiente para clarificar-me a alma e fazer-me ver que estou no caminho errado, porque afinal de contas, felizmente, há sempre dois caminhos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Carrocel de Emoções


Tenho uma certa mania de descrever sempre as coisas por que vou passando, e tentar que as palavras contenham a carga emocional, que sinto em determinadas situações da vida.
Talvez seja a melhor forma que encontro para ir "exorcisando" as emoções que persistem em me invadir - "enchendo-me" em demasia - por uma exacerbada sensibilidade minha, (ou por "mariquice").
O reverso da medalha desta "mariquice", é que vivo as coisas muito intensamente, por vezes até à exaustão - as minhas e as dos outros, e muitas vezes o meu estado de alma, mais se parece com uma gigantesca montanha russa, que embora segura e bem controlada, oscila dos zero aos 360 graus, em menos de um minuto! Muitas vezes basta-me uma imagem, um sofrimento alheio, uma palavra mais dura, um pensamento, uma preocupação... e lá vem o carrocel das emoções para me levar em mais uma voltinha.

Mas, isto de recorrer-me da escrita para exorcisar sentimentos, não é mais que pura teimosia, porque apesar de adorar escrever, já devia ter aceite há muito, que essa é uma missão impossivel... Existem sensações que não cabem nas palavras, por muito que nos queiramos expressar dessa forma. Talvez os poetas - e não todos - o consigam fazer melhor... No entanto, vou prosseguindo com esta mania que me faz sentir bem, mesmo que chegue ao fim do ultimo parágrafo, sempre com a mesma sensação de insuficiente...
POR EXEMPLO:
Ontem - "apenas" um resultado negativo num simples exame mamográfico de rotina, me emocionou até à alma, fazendo-me sentir grata por estar aqui, por ter chegado pelo menos até ao dia de hoje, sem essa luta do cancro da mama. E como vivo um dia de cada vez, neste, senti-me muito feliz!
Enquanto esperava, apertava-se-me o coração, imaginando que daquela sala de exames saiem muitas vezes, notícias que mudam tudo numa vida... Sei que as coisas não acontecem só aos outros - não que eu seja das mais distraídas neste aspecto, mas na pele as coisas queimam sempre muito mais! Penseí em mim, nos outros... pedi que o resultado fosse negativo para todas as mulheres que estavam naquela sala... e se possivel para todas no mundo!

Hoje - "apenas" a cara de um pai - concretamente o seu olhar amigo, compreensivo e solidário - ainda que meio perdido nestas coisas do Autismo,(por certo, seu grande desconhecido)... apenas a sua expressão de: eu quero ajudar... a sua frase: "quero que o meu filho contacte com o seu, porque são valores que acho positivo incutir às crianças"... o seu coração aberto, emocionou-me de tal forma, que penseí não suportar... Consegui engolir um choro de alegria e agradecimento que teimava em me vencer, desviando os meus olhos dos dele para não ver a sua mão humildemente esticada, o seu brilho num olhar fraterno e meio emocionado, e penseí que se todos os pais fossem assim, seria tudo tão mais fácil!
Se todos os pais de crianças sem necessidades especiais - tal como num diagnóstico de cancro negativo - soubessem agradecer a Deus essa dávida até ao presente dia (o amanhã ninguém sabe), e dar a mão a quem tem outro resultado que embora não represente o fim de nada, significa sem duvida uma grande luta mas que nos transforma em pessoas bem melhores e que pode ser ultrapassada com o apoio de todos, o mundo evoluiría!
Como muito bem quis expressar-me este pai, a integração de crianças diferentes nas escolas, só pode ter muito a ensinar a todos.

Os valores de humanísmo como: a solidariedade, a valorização da vida, o respeito por todos, o altruísmo - estes não vêm nos livros, estes valores os pais não conseguem expressar totalmente nem pela escrita, nem por palavras... aprendem-se por acções positivas que possam transmitir, e aprendem-se também, no dia a dia com estes meninos especiais... E tenho a certeza do que digo, porque em nenhuma outra parte do mundo eu teria aprendido tanto da vida como com este meu anjinho lindo que tem como diagnostico: um nome pesado e lamentávelmente ainda muito desconhecido chamado Autismo, mas que com a sua própria força e o apoio de pessoas excelentes, vai evoluindo e desmistificando a palavra.

E a Ti - querida amiga especial - que foste o motor desta batalha, pelo meu filho e por todos aqueles que possam vir no futuro - desejo o melhor do mundo... Continuo sem palavras para te expressar a minha gratidão ao teu gesto, ao teu empenho gratuito, apenas pela vontade de fazer bem, apenas por seres uma das tais excelentes pessoas... a ti aquele abraço forte! (Tu sabes do que falo e sabes que me refiro a ti).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Para adormecer


Hora de dormir - começam os rituais, meu filho. Fazem-te sentir seguro e a mim sabem-me tão bem! Nuns dias tens o pai para ti nesses momentos, noutros sou eu, como ontem...
As músicas no computador, os ataques de cócegas bem rebuscados, os beijinhos repenicados - uns a pedido, outros por tua doce iniciativa...e as nossas conversas de amor:
- "Eu quero esta mãe... esta mãe aqui pé do Vasco, canta mãe... gosta da mãe sim... muitoooooOOOO... os muitos da mãe..."
Apertas-me, abraças-me, mexes no meu cabelo, na minha cara... sentes-me e ficas feliz por eu estar ali... sentes-me apenas e sinto que me saboreias com felicidade. A luz já se apagou e ficamos assim ao som das músicas que adoramos, num enamoramento sem igual.
Lentamente o sono vai chegando, e eu afago-te um pouco mais... começo a poder ser eu a sentir-te profundamente, com a certeza de que não te vou invadir demasiado. Apetece-me apertar-te também e beijar-te até ser dia... mas limito-me a uma meia duzia deles, bem leves e suaves para não te despertar... Cheiro-te e embriago-me nesse sentido... é um cheiro que me "soa" a bébé, que me envolve em loucura... é um cheiro que me apetece guardar numa caixinha para trazê-lo comigo e saciar-me quando precisar de ti... E fico assim - numa espécie de sensação de paragem no tempo, sentindo banhar-me pela ternura do amor infinito que te tenho, meu filho - até também eu adormecer...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MOMENTOS PARA AGARRAR


Ontem fui assistir a uma "aula" de natação do meu Vasco. Eu na Bancada, atenta a todos os movimentos, e ele com o seu mais especial "terapeuta" - o Pai. Foram cerca de 50 minutos únicos para mim... senti toda a espécie de sensações concentradas naqueles momentos! E descrever é dificil... A alegria extasiante que o Vasco demostrava inundava-me, transbordando-me de sentimentos, fazendo-me sentir que é por este momentos que luto tão afincadamente! Se a felicidade se pudesse personificar e ver-se como algo de palpável... então aquilo foram momentos da mais pura e verdadeira! Queria agarrar esses momentos com a força das minhas mãos e fazer parar o tempo ali mesmo!
A piscina estava cheia, mas uma espécie de áurea cintilante assomou-se de mim, abraçando-me e fazendo-me desligar das coisas mais terrestes. Soltou-se-me um breve e suave choro, mas daqueles que sentimos quando a alegria é imensa e não cabe em nós... e ele ria, saltava, mergulhava com a força da alegria que só conseguem ter as crianças mais puras. O pai - incansável amigo, companheiro, terapeuta e especial professor de natação - olhava-me de vez enquando como quem me diz: vês como conseguimos fazer o nosso menino tão feliz... como quem me diz: hei-de, nem que seja a ultima coisa que me seja possivel, aos poucos fazer do meu Vasco um homem feliz e capaz de tudo!
A fé do Pai Miguel é inabalável... tanto que me contagia e me faz sonhar com o infinito para nós os 3... mas eu por ser mais receosa, limito-me a desejar que estes momentos de felicidade se repitam por muitas vezes e se sobreponham à dor que nos inflinge, grande parte das pessoas em nosso redor.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

RESPONSABILIDADE SOCIAL


Transcrevo um artigo que li recentemente e que para mim tem um sentido tão importante quanto especial, porque as crianças que forem formadas hoje, serão os homens com quem o meu filho se relacionará amanhã, e a felicidade de todos depende de um futuro melhor, mais humano, mais solidário e responsável socialmente.

"È importante que as crianças e jovens cresçam com a consciência de que a responsabilidade social é fundamental para que possam crescer felizes, éticamente realizados e a ajudar quem mais precisa.
Os pais têm um papel fundamental nessa chamada de atenção para a responsabilidade social e para o que isso implica. Por isso não perca tempo e comece a agir neste âmbito. Converse com os seus filhos e expliques-lhes o que é a responsabilidade social, depois faça-os entender a importância de estarem envolvidos em acções que ajudem a manter o nosso planeta e os seus habitantes saudáveis. Incuta-lhes que é importante plantar àrvores, reciclar, ser solidário, voluntário, partilhar bens e tarefas, doar e estender a mão a quem mais precisa, pois só assim poderemos viver numa sociedade mais justa e com oportunidades para todos. E nunca se esqueça que o exemplo começa em casa, pois o seu filho tende a seguir os seus passos e a educação que lhe incute. Desperte nele outro tipo de responsabilidades e outras formas de ver o mundo. As pequenas acções podem fazer uma grande diferença!"
"Qual o papel das escolas? O dever das escolas e dos professores, não é somente proporcionar conhecimento, mas também formar cidadãos responsáveis e solidários que possam contribuír para o bem estar da sociedade. As escolas devem desenvolver acções que despertem os alunos para a responsabilidade social, como promover programas a envolver lares de terceira idade, orfanatos e instituíções de abrigo. Devem ainda incentivar à participação em campanhas contra a fome, pobreza, racismo, poluição, ou outras."

Uma ultima nota minha, relativamente a estas temáticas: Tenho a plena convicção que estas pequenas acções custaríam pouco a realizar tanto por pais como por professores nas escolas, e não me restam duvidas de que seria este o único caminho para um futuro melhor para todos... podemos optar por outros caminhos, porque a vida é um livre arbítrio, mas os resultados das práticas de hoje, reflectir-se-ão nas vidas dos nossos filhos amanhã.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MY SWEET ANGEL


A minha apologia da coragem para hoje, faz-se simplesmente com uma imagem.... e uma pequena palavra - AMO-TE.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CANSAÇO


Apetece-me escrever... talvez gritar um bocadinho, apetece-me desabafar, mas gosto muito mais de escrever sobre coisas alegres e bonitas! Penseí guardar a escrita para outro dia mais risonho, mas não podia ser hoje, e apetece-me escrever agora... De facto há dias dificeis de ultrapassar com sorrisos. Confesso que estou mesmo fraquinha. Todos temos dias assim, mas nós - pais de crianças Autistas ou com outra "dificuldade" - não podemos... não devemos! Há que ter grande dose de paciencia todos os dias para tudo o que a vida demanda ao comum mortal, mais aquilo que são as "particularidades" dos pais especiais: antes de tudo, tenho que ser forte e paciente para o meu menino, mas não só... temos de ter paciencia para a ignorancia suprema das pessoas que nos rodeiam, paciencia para esperar que efectivamente se cumpram com os direitos dos nossos meninos, paciencia para os olhares críticos dos outros nas ruas, paciencia para aguentar com calma o julgamento de quem nada entende de autismo mas que nos julga negativamente, paciencia para os amigos que cada vez são menos, paciencia para a familia tantas vezes ausente, mesmo quando perto!!! Muita, muita paciencia... e dada a exigente tarefa, temos dias em que nos sentimos completamente exaustos e sós, um pouco como que postos de lado e perguntamos - sou eu que me afasto para fugir dos "ataques" ou são as pessoas que nos "atacam" para verem se nós fugimos, porque o autismo as incomoda? Seja lá o que for, só posso estar assim hoje, amanhã voltareí aqui com uma nova apologia da coragem porque o caminho é àrduo, sinuoso e não se compadece com estas lamechices... Bola para a frente - nem sei muito bem como - porque esta vida não é brincadeira, temos muitas barreiras que ultrapassar, acho até que as temos todas para ultrapassar! O tempo passa e não nos dá uma folguinha... esse maroto do tempo também nos podia aliviar um pouco fazendo com que o crescimento dos nossos meninos não fosse tão rápido e tão impiedoso, exigindo cada vez mais de nós! Passa matemáticamente e não entende que as Instituíçoes precisam de tempo para irem criando recursos para eles. Passa muito rápido e não entende que as pessoas têm dificuldade em perceber as deficiencias as diferenças dos outros e precisam do seu tempo para isso. Passa muito rápido e passa ,muitas vezes por cima de nós... como hoje ... alguma coisa passou literalmente por cima de mim e tentou esmagar-me... Não conseguiu, mas quase, e por isso amanhã estareí melhor e embora pouco mude, tenho de mudar eu e começar a sorrir, mesmo que sem grandes motivos. Invento uma força grande a invadir-me e recarregar-me e inspiro-me no ar que respiro, no facto de estar viva, no azul do ceu e no verde das flores, para sentir-me feliz... como fazem e dizem os poetas.
Qualquer dia esta forma de recarregar-me já não chega e tereí de inventar outra. O que não posso é cair nunca... isso é que era bom, isso não é para nós!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

OUTRAS VIDAS II - O HOMEM


Já tinha tido a oportunidade de "maravilhar-me" ao ouvir as Nobres palavras daquele que considero ser Um grande Homem da nossa actualidade - Fernando Nobre, Presidente da AMI Portugal... um excepcional Homem Português... Um Homem do Mundo! Ontem mais uma vez tive a oportunidade de aprender com as suas palavras...
No programa Prós e Contras, discutia-se o futuro de Portugal. Presentes estavam algumas figuras que embora independentes representavam determinados grupos da nossa sociedade com responsabilidades no futuro. A banca, Os empresários, A justiça, A Educação, A Politica e O HOMEM Forte da AMI Portugal. Abordavam-se as dificuldades nas distintas àreas da sociedade actual... eis senão quando, na vez de Fernando Nobre falar, tudo se distinguíu do anteriormente dito - pelo menos para mim! Começou por dizer que existe muita pobreza em Portugal, dando um pequeno exemplo: aquando do seu pequeno almoço, num café de Lisboa, observa um idoso (aproximadamente 80 anos), que arrastando-se diáriamente, entrega ao balcão uma caixa contendo salgados... recebe pelo "serviço" 4,50 euros... Fernando Nobre diz que sente este episódio como um murro no estomago. Prossegue uns minutos à frente, dizendo que ele e os que estão na sala tiveram a sorte de ter oportunidades por isso estão hoje ali com boas condições de vida, mas que esta é apenas a realidade de uma elite que não deve passar à margem de vidas diferentes; continuando, e à "desculpa" com a crise, que muitos dão, para existir um salário minimo nacional de 450 euros, pergunta como é que à luz dessa mesma crise existem salários exageradamente maiores e a disparidade entre vencimentos é obscena no nosso país, com um brutal crescimento na construção de condominios de luxo, que separa as realidades por "muros de betão", provavelmente insustentáveis no tempo, indicadores de uma sociedade pouco pacífica e evoluída... Diz ainda que se não quizesse ver esta realidade não era dificil, vivendo na linha do Estoril, circularia sempre pela estrada da marginal ficando assim, facilmente longe de toda a miséria que realmente existe.

Sempre num tom cordial, amigo, e profundamente humano, este GRANDE HOMEM fala da pobreza dos outros com uma dor sentida que trespassa o monitor da televisão, e a mim, sinceramente e por momentos, crava-se-me nas costas como um punhal...
Admiro-o muitíssimo e nem sequer me saiem as palavras correctas para descrever o que acho do seu envolvimento noutras vidas... da sua entrega a uma causa que nem sequer sentiu na pele... Admiro-o muitíssimo e sinto-me de novo pequena e insignificante numa sociedade que precisava da mão de todos.
Quando me sentir triste e desmotivada com a humanidade ou com a vida, procurareí lembrar-me sempre de si, Senhor Fernando Nobre!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"I HAVE A DREAM"


Uma escola que persiga os nobres ideais da plena integração, com o verdadeiro empenho de todos, onde se faça uma descriminação positiva porque cada criança tem as suas especiais necessidades e as respostas não podem ser as mesmas. Uma escola que conte com o apoio aberto de todos os seus agentes, que promova o ensino das matérias, não esquecendo o ensino do respeito por todos e da solidariedade. Uma escola onde as crianças estão em primeiro lugar, onde a preocupação principal não se cinja aos conteúdos programáticos porque o futuro da humanidade, não reside apenas nas carreiras. Uma escola que acolha os pais e os chame a uma participação plena e verdadeira. Uma escola onde os pais também possam ver em cada professor um amigo, o respeitem e admirem o seu esforço. Uma escola que entenda que as crianças seguem modelos, sendo que o binómio escola/casa tem responsabilidades que devem ser assumidas e partilhadas em harmonia - nenhuma destas partes se pode emíscuir deste facto.

Comparo as crianças, a peças de barro que têm de ser trabalhadas pelos adultos no sentido de os ir ajudando a um crescimento intelectual, moral, e emocional que definirá a forma como a sociedade vai ser no futuro.
Hoje tenho uma postura crítica em relação à escola que tivemos no passado, porque o resultado dela está à vista e surge-nos todos os dias nas atitudes de grande parte das pessoas. Um resultado amargo que faz muito duro o quotidiano de tanta gente, porque sem duvida somos nós que nos prejudicamos uns aos outros... um resultado que nos coloca sempre na cauda da europa em questão de mentalidades. Dizem de nós Portugueses, que no geral somos atrasados... gostaría de poder contestar, mas não posso.

Mas eu tenho um sonho, um grande sonho ... o sonho de uma escola MESMO para todos, porque quando uma escola não consegue servir uma criança que seja, então é porque não consegue servir nenhuma com efectividade.
Eu tenho um sonho, só não sei se o caminho para lá, se está efectivamente a fazer ou se o ciclo se repete.

AMIGO ESPECIAL


O Vasco tem melhorado imenso as suas habilidades com as bolas de futebol! Sempre gostou de chutar, mas as regras e o objectivo do jogo eram conceitos que não dominava de todo, embora os seus remates sempre tivessem sido bastante "potentes"! Ele e a bola... ora chutando bem alto, ora em sentidos aleatórios ao seu gosto, normalmente para longe, acho que para ver-nos a correr atrás da bola.... e divertia-se com esta sua forma de jogar. Nós também gostavamos muito, porque isso era para nós o início de um treino, que a prazo o faria atingir o objectivo que desejavamos: que ele soubesse jogar efectivamente à bola com outros... esta é uma forma simples de socializar mas muito importante, sobretudo porque nos recreios das escolas é uma das actividades eleitas como preferidas pelas crianças.
Inicialmente, nós faziamos de parceiros de jogo,(mais o pai), tentando que aceitasse, e acima de tudo apreciasse, o jogo em si. ... Marcar golos na baliza, defender, chutar para o parceiro,tentar tirar a bola com o pé, enfim partilhar esse prazer disfrutando. Nunca desesperámos ou exigimos nada dele, gozávamos os momentos, com esperança que as coisas fossem naturalmente evoluír... acreditamos, pensamos positivo e não desistimos!
Ontem, passados talvez 2 anos nestes treinos, vi com muita alegria o meu "Cristiano Ronaldo" em acção, com um menino no campo de futebol, perto de nós. A alegria que senti foi tremenda mas calma... deu-me tempo para saborear... Eles pouco falavam porque o Vasco não é muito dádo a grandes conversas, e o menino era um menino de leste e falava pouco a nossa lingua.
Mas compreendeu instintivamente a lingua do Vasco... e eu comovi-me porque mais uma vez percebo que quando a alma das pessoas é grande, não são precisas grandes explicações... apenas se aceitam os outros. Este menino de leste ensinaría muitas pessoas a lidar com as diferenças de forma exemplar. A mim deu-me uma "estalada sem mãos" porque quando eu pensava que ele se ia aborrecer, porque o Vasco de início ainda falhava alguns pontos na partilha do jogo, ele respondeu-me que estava bem a jogar com o Vasco e que não era preciso eu ir para dentro do campo jogar com ele! E curiosamente, no decurso do jogo e com a insistência deste menino, o Vasco foi melhorando a "performance" substancialmente. Acho que coreí e deixei-os continuar o jogo, tentava apenas apanhar as bolas que por vezes - num chuto mais forte - saíam pelas redes. Ficámos alí uns 45 minutos e eu deliciava-me ver o Vasco a partilhar um jogo de futebol com um "amigo" que não se aborrecia com a sua forma menos perfeita de jogar... e ia inclusivé jogando cada vez melhor! Deliciava-me e apetecia-me falar com aquele menino, perceber onde aprendeu a ser assim... quem sabe eu podería ensinar outros meninos a serem amigos do Vasco daquela forma tão especial!

Claro que o meu Vasquinho continua a não ser um craque, mas já consegue perceber e partilhar um jogo por momentos com outro amigo... Espero que transporte este saber para outros jogos onde estejam outros meninos menos disponíveis para o ensinar. Nós vamos continuando a ser os seus parceiros "residentes" de jogo, porque o "trabalho" nunca pára, como a vida... enquanto houver vida.
Temos muitos degraus para subir e acreditamos sempre que é possivel... até porque nos dias em que "caímos" mais um pouco - porque não há muitos meninos como este de leste que conheci hoje - aparece-nos sempre um a mostrar desta forma tão firme e profunda, que é possivel, que até é tão simples e que vale a pena acreditar sempre!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

AMO-TE


Hoje apetece-me falar de amor... do meu amor paixão! Falar dele... enaltece-lo como ser humano fantástico, elogiá-lo porque o admiro muitíssimo, deixar registado oficialmente que ele é o melhor pai, marido e homem que conheci até hoje! Apetece-me porque preciso saborear essa felicidade... usufruir dela, recarregar-me nela.
E valorizo muitíssimo esse tesouro! Procuro a cada dia demonstrá-lo e acho que vou conseguindo. O nosso percurso tem sido tremendamente dificil, mas não queria outro porque é nele que me revejo contigo... E vale a pena meu amor, vale todas as penas... torna-as pequenas, porque choramos e rimos os dois... A vida ensinou-nos a dificil tarefa de viver um dia de cada vez, e é assim que saboreio a nossa história, mas no fundo, bem no fundo de mim, o que mais desejo é ficar contigo para lá da eternidade.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

"MAIS ALTO QUE AS PALAVRAS"

"Mais alto que as palavras" - é o titulo de mais um livro que acabeí de ler, sobre a temática do autismo. Tenho lido práticamente todos os que vêm ao meu conhecimento. Uns mais técnicos, outros puras histórias de vida, como a minha...
Não me apetece hoje divagar muito sobre o assunto, apenas dizer que na coíncidência de caminhos semelhantes, encontramos muitas vezes uma espécie de conforto que nos abraça, talvez porque lemos a história numa lingua que conhecemos tão bem.
O reverso da medalha, é que por momentos volto a um passado doloroso que me faz recordar os momentos tremendamente dificeis por que passa quem tem a bater à porta um senhor completamente desconhecido e imprevisto, chamado autismo, que nos arrebata e agarra todo o corpo com uma força indiscrítivel quase como que esmagando-nos até ao mais profundo do nosso ser! Não, não é o fim, como imagina muita gente... antes pelo contrário, é o início de um caminho extraordináriamente complicado que não nos deixa sequer margem para o sofrimento que necessáriamente deveríamos ter direito a poder gozar... Mas não há tempo para isso, todo o nosso tempo se ocupa em travar a batalha com ele e com toda uma sociedade, que nos rodeia na mais completa ignorância e desinteresse,(ressalvo sempre as excepções, mas disso falareí noutra altura).

"... Oiça, ele poderá nunca dizer uma palavra..."
Entre as muitas coisas que ouvi, esta foi a que me trespassou completamente o ser e me deixou por terra durante 2 anos... Muitos dias e noites à espera que a "tese" fosse errada. Para muitos este é apenas mais um pormenor, mas para mim era indicador de uma fragilidade muito maior! Felizmente a espera terminou e o meu menino venceu esse "pormenor" e começou, entre muitas outras palavras a chamar-me mamâ...

Trago comigo muitos epísódios que ficaram gravados, e que temo não se apaguem tão cedo da minha memória! Ninguém está minimamente preparado para tão dura batalha, mas estas histórias também são feitas de pessoas que resistem, evoluem e crescem de forma muito especial. Poucos compreenderão, mas à medida que o tempo passa sinto-me de facto especial e penso que provavelmente estes pais especiais que somos todos nós no Universo autista, foram escolhidos a dedo porque em cada história que leio, o que sobressaí sempre é uma força quase sobrenatural com a qual vamos vivendo o nosso dia-a-dia.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O CÃO DO VASCO


... Hoje, passado quase um ano, e olhando para ti bem nos olhos, penso:
- Que grande responsabilidade, Tosta!!!
E tu, levantas bem as orelhas, esbugálhas os olhos, como quem me diz:
- Pois é, mas podes contar sempre comigo.
E tenho contado mesmo!

A ideia de dar um cão ao Vasco povoava à muito os meus pensamentos, penseí na forma como um cão é gerador de afectos, de sentimentos tão inexplicáveis e profundos; Penseí nisso como mais uma forma de terapia... nunca equacioneí que pudesse correr mal a experiência. O pai - sempre muito mais sensato - era bastante resistente à ideia, e eu (em boa verdade) tinha alguns receios. Estes dissiparam-se quase totalmente, após a leitura de um livro que referia o caso fascinante da influência de um cão no desenvolvimento de um menino autista. Apaixonei-me pela história e já nada me demovería de tentar mais este caminho.
Arrisqueí e procureí informação sobre que tipo de cão podería ser o do meu menino tão especial... Apesar de tudo ser completamente imprevisível, escolhemos o tosta, e no fundo sei bem que o que aconteceu foi uma tremenda sorte para todos!
Hoje, o que verifico é que entrou mais um grande amigo nas nossas vidas - Um cão muito especial, paciente, perseverante, um grande lutador e por sorte, particularmente forte!
Um cão que também me ensina a insistir, persistir e nunca desistir, tal como ele faz tão afincadamente, quando a cada investida menos bem sucedida para as brincadeiras, com o seu exigente dono, ele não esmorece, não desiste não se deixa frustar e volta sempre à carga.

Este é realmente o cão especial do Vasco e apesar de todo o trabalho, despesa e responsabilidade que acarreta, o Tosta é um amigo daqueles que não tem preço!
Espero que tenhamos uma vida o mais longa possivel, para ir-mos provando juntos, o doce sabor das pequenas vitórias, das conquistas que o Vasco nos vai dando a saborear..
Somos uma equipa Tosta, e o teu papel é importante demais... perdoa se a responsabilidade que te atribuímos, por vezes te parecer demasiado grande - nós compreendemos bem esse sentimento, mas acredita que a recompensa chega e ultrapassa tudo!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

OUTONO NOS MEUS PENSAMENTOS

Definitivamente chegou o Outono... sobretudo aos meus pensamentos e veio com uma força sublime e constante, numa espécie de efeito "àgua mole em pedra dura"...
Penso que quando ele chega, provoca aproximadamente o mesmo em todos nós. Uma certa nostalgia e fragilidade que, não fosse o calor do sol que ainda persiste, teria piores efeitos. Ainda assim faz-se sentir em mim como um "burn out" de ideas, todas misturadas que não me confundem, mas enchem-me sobremaneira... e enfraquecem-me um pouco. O problema será por certo a minha irremediavel permeabilidade ao exterior, aos que me rodeiam, aos seus retalhos de vida, mas também a uma fraqueza qualquer, que não consigo neste momento discernir a origem concreta. Costumo deixar o tempo resolver a coisa por mim, dando-me - com o seu passar - uma lufada de entusiasmo, positividade e força que me devolve de novo à minha "normalidade". E é essa "normalidade" que me ajuda a sentir-me feliz, (apesar de tudo) no final de cada dia.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

DE VOLTA

Voltamos no início de Setembro... mas demorou "despir" dos pensamentos os doces momentos passados na mais completa tranquilidade, que a vida nos brindou este ano. Por entre a alegria de estarmos os 3, e a magia de conseguirmos (eu e o pai) estar só os dois, saboreamos todos os bocadinhos, porque os bons momentos são mesmo para valorizar.
Voltamos, sabendo que esses momentos são curtos e que com a chegada do Outono, o frio recolher-nos-á a outros pensamentos e outros sentidos...
Mas o mais importante é saber viver todas as estações - porque delas faz parte a vida e felicidade é passar por todas as coisas juntos.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

HAPPY


Estou - posso dizê-lo sem exageros, exausta - mas sinto-me estupidamente feliz! Pareço mais uma espécie de adolescente em final de ano lectivo, depois de feitos todos os exames e concluídas todas as provas! Passeí este ultimo mês e meio em casa com o meu Vasco e a tarefa (poucos o entenderão), não é muito fácil. Passar cada um destes dias, inventando actividades, saídas e encontros que pudessem agradar-lhe; fazer com que sentisse o mínimo possivel a inevitável quebra da rotina que ocorreu por fecho do ano lectivo; explicar-lhe (mostrando-lhe) que as escolas estão fechadas para férias (conceito não tão fácil como parece)... Enfim, malabarísmos de verdadeira acrobacia, tentar contornar os momentos de "aborrecimento" - dele e uma ou outra vez, meus também.
Afiguram-se-me três ou quatro conclusões:
- O meu rapazão é louco de amor por mim!
- Eu sou louca de amor por ele!
- Os dois, juntos a todo o tempo temos tendência a "estragarmo-nos".
- O pai faz-nos muita falta ... somos os dois, loucos pelo pai!

Pormenores à parte, missão cumprida para já e férias à porta! Ainda temos muito para nos divertir...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

MEU ELIXIR


Por vezes tento imaginar como seria a vida sem o meu Vascão... podería ser mais livre, menos responsável, mais egoísta, menos preocupada...
A vida sem ti sería por certo diferente, porque, onde iria eu buscar força nas alturas em que me sinto mais fraca? Quem conseguiría - apenas com a sua presença - inundar-me de alegria e coragem? Como sería eu capaz de ultrapassar as coisas menos agradáveis sem ter a luz ofuscante do meu menino a sorrir-me, dizendo-me " O vasco é teu amigo, mãe"... Dizendo-me quando me abraça: "miminhos mãe"... E é bem verdade, o Vasco é meu amigo, daqueles amigos a quem não precisamos dizer que estamos tristes, daqueles que estão lá sempre e nos elevam a alma com o amor que mostram nutrir por nós... Na realidade penso que ele nem reconhece o sentido total da palavra tristeza, assim como acho que ele não vê qualquer espécie de sentimentos mais negativos; ele é a pureza em criança,e tudo nele é positivo. Não tem nenhum tipo de maldade e tudo nele é luz e alegria. Por vezes pergunto-lhe: Estás contente? Conheço sempre a resposta e é dela que me alimento e revejo a compensação das nossas lutas. Sim o Vasco está contente... na maioria das vezes está contente e não são só as palavras que pesam, pesa bem mais a sua expressão que mo confirmaría ainda que não houvessem palavras! E eu - para além de "utilizar-me" dessa expressão, como elixir para o meu dia-a-dia, sinto-me feliz e certa de que é neste caminho que devo prosseguir.
A vida sem ti, meu anjo, poderia ser diferente, mas seria sempre definitivamente, muito mais pobre.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

FRASE DO DÍA

"O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas."

(William G. Ward)

MISSÂO: IRMÃO

Durante algum tempo debatemo-nos com a questão de "dar" ao Vasco um irmão, ou não... Dificil escolha esta! Talvez a formulação da questão devesse ter sido: ter mais um filho, sim ou não? Dificil também, esta separação de àguas... uma envolve-se profundamente na outra e para nós não tem sido possivel qualquer espécie de distinção que nos aclare o pensamento, para podermos, em consciência, optar. A escolha, vai entretanto sendo feita - como muitos outros casais dos nossos tempos, pelos mais variados motivos - o nosso filho é um.
Retenho, no entanto, algumas palavras de um conhecido médico da praça - (cujo trabalho admiro) - contidas num livro sobre familias com filhos com necessidades especiais e seus irmãos sem essas necessidades. Passo a transcrever algumas frases, que a mim me fazem pensar:

"... fazia-lhe bem um irmão?"; "... pergunta, tantas vezes repetida por casais a quem nasceu um filho com deficiencia."; "A angústia, a incerteza da roleta biológica apelando à prudência - o desejo de alargar o núcleo familiar empurrando para o risco.";
"... Um filho não deve nascer em função de outro, mas sim porque existe o desejo genuíno dos seus pais em se tornarem responsaveis por mais uma vida. ... não me parece justo condicionar de forma premeditada o futuro de ninguém - nem resulta - a verdade é que o irmão "saudável" irá crescer, e na maturidade terá o desejo de constituir a sua própria familia, com exigências de disponibilidade que o poderão afastar, até em termos geográficos, de um irmão com deficiencia."; "... as crianças com deficiencia humanizam a experiencia de vida: pode-se errar, fazer disparates, ser-se menos que perfeito e ainda assim, ser-se bom."; "Também o privilégio de ser-se saudável está presente no quotidiano e isso deve pôr as prioridades (de vida) em ordem."; "O valor da tolerância, tão fundamental para uma vida em conjunto, é sentido todos os dias."; "...Por outro lado, é como se o Universo estivesse dividido por uma sólida parede de vidro, uma guerra de 2 mundos - de um lado a familia a protecção, o amor, do outro, aqueles que não nos dizem respeito. Um irmão consegue ver e estar dos dois lados, mas como justificar que até os amigos - para não falar dos transeuntes tenham medo, insultem e se assustem, com a mais inocente das pessoas? Dificil lidar com a ambiguídade de sentimentos que esta situação produz. Os amigos - minha mais do que necessária fonte de afectos, confidencias e cumplicicdades - não gostam do meu irmão. Depois, aqui ou ali, vêm à superficie dificuldades escondidas: ciumes, vergonha, zangas pela violação de privacidade do nosso espaço, sentimentos negativos, dificeis de resolver porque andam de braços dados com o remorço."; "... de qualquer forma, ser irmão, não é sempre tudo isso?"; "... no fim fica um laço invisível e indestrutível, que uma história que me contaram exemplifica: uma criança benzia-se e ao fazer o sinal-da-cruz, tocava na testa e dizia "Pai", no peito e dizia "filho" e, de ambos os lados do coração, de forma pausada, concentrada e reverente, fechava o circulo do amor: "mano e mana"!

E pensando bem, é ou não é dificil optar?

sexta-feira, 24 de julho de 2009

OUTRAS VIDAS - I


Algumas realidades do mundo, vamos conhecendo (ao de leve) pela comunicação social - digo "ao de leve", porque creio que a sensação deve ser tremenda para quem acompanha ao vivo estas situações. Ainda assim, pela televisão, o impacto das imagens com que somos confrontados, é importante o suficiente para me deixar a pensar por alguns dias, e questionar tanta coisa que sempre damos por adquirida. Mas é preciso ver estas realidades com olhos de ver, tentar assimilar realmente o que se passa em algumas partes do nosso globo e "senti-las" efectivamente. Comigo, normal e naturalmente é assim... não sou muito desportiva nestas visões e nunca consigo ficar a par destas verdades, sem indignar-me, sem revoltar-me, entristecer-me... e sentir-me pequena, muito pequena! Por outro lado "envergonho-me" de saber que apenas me indigno, revolto, entristeço e nada mais faço... Agrava-se o sentimento quando verifico que existem pessoas com vidas seguras que têm por missão, dedicar-se aos outros e partir em busca daquilo que acreditam poder mudar um bocadinho. (Um grande bem haja para todos os missionários).
Isto, a propósito de uma reportagem que vi recentemente sobre outras vidas - no Quénia - dizia uma missionária - Ana Vasconcelos: que seria bem sucedida na sua missão a partir do momento em que salvasse 1 menina da mutilação sexual a que estão condenadas 90% das crianças do sexo feminino, naquele país. Fenomenal atentado dos direitos humanos, já reconhecido e punível no Quénia, mas que prossegue como prática, talvez por toda uma questão social e pela inacção dos poderosos! Emociona-me a falta de tudo a que, pessoas como eu estão sujeitas noutros locais do mundo em que vivo, e emociona-me a dedicação que os missionários prestam em prol de um mundo melhor. A verdade é que "grão a grão" o mundo podería melhorar um pouco, pelo menos para aqueles que estas missões conseguem apoiar... a verdade é que se prova, que é possivel ajudar, é possivel fazer alguma coisa. Com o conhecimento destas e de muitas outras situações inconcebíveis que se passam por este mundo fora, os meus pensamentos correm sempre muitíssimo mais rápidos que aquilo que consigo expressar aqui... a cabeça corre a mil à hora numa batería de ideias, que disparam em tantos sentidos, que me perturbam sempre sobremaneira. O que prejudica o mundo - (citação tão certeira de Luther King) - não é o "barulho" dos maus, mas sim o "silêncio" daqueles que se dizem bons. Fica a imagem porque "ela" fala bem mais que todas as palavras...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

FAMILIA SOMOS TODOS NÓS


A nossa familia provém do sangue, de laços genéticos que nos prendem profundamente e nos ligam para sempre: é um facto indiscutível, e felizes os que a têm.
Contudo existem outros laços que nos ligam para sempre e que valem - a meu ver - incumensurávelmente mais... São os laços do amor, da amizade, da solidariedade, porque são estes que nos alimentam verdadeiramente e nos ajudam a viver... São normalmente actos perfeitamente gratuitos de seres como nós, que com ou sem a tal ligação tão profunda, dão muitas vezes um sentido e alento à nossa vida. Da familia espera-se sempre o melhor o que desvaloriza em certa medida os actos de amor e amizade que recebemos deles, porque é o normalmente esperado daqueles cujo sangue comum corre nas veias... mas muitas vezes somos defraudados nesta certeza de nos apoiarmos na familia; também o poderemos ser pelos os outros, é certo, mas dos outros nada é esperado.
E quando nada é esperado e tudo é recebido, a felicidade é infintamente mais sentida.
Por isso digo muitas vezes, devemos ser abertos à humanidade sem distinções, porque no fundo todos somos parte do mesmo. Dizem as sagradas escrituras - e têm razão - que nos devemos amar uns aos outros... percebi o sentido desta frase, não há muito tempo, por determinadas circunstâncias de vida. Percebi que se todos a entendessem e agissem em sincera síntonia com ela, o mundo seria muito melhor.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

EU E OS "MECANISMOS" DA MENTE


Não sou especialista nestas coisas do cérebro e dos pensamentos, mas tenho para mim que alguém especializado nisto, deve sentir-se algo frustrado... Isto porque a imensidão de coisas a analisar parece não ter fim, e porque os comprovativos para as descobertas cientificas são poucos e dificeis de alcançar. Diz-se que o funcionamento do cérebro humano apenas está conhecido numa percentagem ínfima das suas capacidades. A mim parece-me que sim e julgo mesmo que é algo em que a humanidade vai concerteza evoluir, mas nunca chegará perto de saber tudo. Cada pessoa (cabeça - forma de pensar) é um mundo e em constante mutação, além de que um individuo é sempre influênciado por tantas coisas e todas tão distintas que nem com uma bateria de instrumentos científicos e mestres nas àreas - todos a trabalhar numa só unidade - a coisa traría grandes conclusões. A MENTE HUMANA È O MAIOR MISTÉRIO! Dela partem as atitudes individuais e colectivas que trazem consequências e que movem o mundo. Cada um de nós constroí um mundo - pelo menos em seu redor, ajudando uns, prejudicando outros - conforme os interesses, conforme as personalidades e os estados momentaneos. É tudo tão variável, discutível e relativo que parece ser conversa sobre o sexo dos anjos (ou de bêbados). Penso mesmo que enquanto a humanidade existir, existirão as duvidas e existirão "segredos" nos mecanísmos da mente (ou talvez a mente não tenha nada a ver com "mecânica" e os especialistas andem em busca de algo que não existe... Mas a mim intriga-me toda esta temática e sinceramente gostaría que as coisas evoluíssem e se comprovassem para eu me especializar...e poder arranjar uma justificação séria e plausível para determinadas atitudes que presencio, para comportamentos, para reacções - minhas e dos outros.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Reflexão


"Voces riem-se de mim porque eu sou diferente... eu rio-me de voces porque vcs são todos iguais."

sábado, 11 de julho de 2009

"VASCO"


Vasco é o meu menino... è o meu diamante em bruto, que "trabalho" a cada dia que passa... a sua luz não tem límites e imprime à minha vida uma enxurrada de sentidos, sentimentos e sensações que é impossivel descrever.
Diz-se que os filhos causam inumeros sentimentos e que quando nos tornamos mães, a vida muda para sempre. Digamos é que vai mudando sempre... O meu Vasco é uma fonte de inspiração, e crescimento - com ele tenho aprendido tantas coisas, por ele tenho vivênciado tantas outras! À medida que o tempo passa, vou sentido que emana dele uma espécie de luz que me ultrapassa e me faz sentir pequena, uma aurea positiva que contagia o seu espaço... muitas vezes questiono se são os meus olhos de mãe, não obtenho resposta - apenas a sinto. O meu menino é especial - é autista, e eu sinto-me especial com ele. É uma missão complexa ser mãe especial, mas tremendamente enrriquecedora! Poderá ser um 8 ou 80 numa sociedade pouco receptiva a excentricidades e diferenças, mas só quem conhece a sua expressão alegre e a angélica luz dos seus olhos verdes poderá compreender a alegria que sinto em ser a sua mãe. O meu menino é mesmo o meu diamante em bruto que eu digo que vou trabalhando a cada dia que passa, mas no fundo e bem pensado, tem sido ele quem mais me tem trabalhado a mim. E por mais dificil que seja aos outros, compreender tal felicidade numa mãe especial, eu digo que sou mesmo feliz... uma mãe feliz com receios obviamente, mas a quem ele ensinou a viver um dia de cada vez e a apreciar as pequenas lindas coisas da vida... o amanhã é isso mesmo: é amanhã (se lá chegarmos), e é-o para todos, e em todos os sentidos! Por isso, Vale a pena reflectir sobre se alguem por acaso sabe o que trás o amanhã?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

FÉRIAS

...Tudo cheira a férias...
Esta fase prévia às férias de cada um, produz um estado amorfo e insuportável que nos faz pensar: se não estivessemos tão perto, não aguentaríamos por muito tempo a pressão! Isto é curiosamente o que eu sinto. E digo curiosamente, porque desde Abril que estou em casa e acho que nunca me senti tão amorfa, especialmente nestes ultimos dias! Até aqui não me preocupava muito com o trabalho e organizeí os pensamentos estabelecendo os passos que iria tomar - (apartir de setembro) - no sentido de iniciar novo caminho para uma nova ocupação. Portanto, nada de grandes ansiedades com isso - Tudo se arranjará. De momento as coisas pareceram alterar um pouco... Estou com o meu Vascão em casa, o que deveria ser magnífico, e é-o em certa medida. Mas o meu Vascão não é uma criança comum e as exigencias num só dia são tremendas para uma pessoa sóznha. Não é um lamento, até porque não há motivo, é mesmo o cansaço, fruto desta época que antecede as "malfadadas" férias e que suponho ocorre em todos nós e que é realmente meio estupido. Se já falta tão pouco, qual é o stress?

sábado, 4 de julho de 2009

Minha Força


"Quando amamos e acreditamos do fundo da nossa alma em algo, sentimo-nos mais fortes que o mundo e somos tomados de uma serenidade que vem da certeza de que nada poderá vencer a nossa fé".

Sózinhos somos pouco... a minha força vem deste amor que nos une e se materializa a cada dia que passa, em pequenos nadas. Costumo dizer que somos os dois, pilares de uma ponte que a muito tem resistido e que se tem reforçado pelos caminhos percorridos em conjunto.

PESO DOS SENTIDOS

Um pouco de honestidade e modéstia, fazem-nos ver que a vida e o mundo são demasiado complexos para caberem no nosso espírito... talvez um pouco por isso, a vontade de escrever, estravazar pensamentos que transbordam de nós.

Há muito que debito palavras em folhas, sebentas, cadernos - solto o que me vai na alma numa espécie de terapia pessoal e gratuita que na verdade funciona. Por aqui, poupam-se esses "instrumentos", e partilham-se ideias; conhecem-se e publicam-se outras vidas, muitos pensamentos e experiências. Há muito que acompanho a blogosfera e cada vez me apaixono mais pelo ser humano, por tudo o bom e menos bom que trazemos connosco... cada vida é um mundo, e é disso que gosto!

 
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