quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

PRENDA ANTECIPADA



- Mãmazita o computador da sala é do Vasco, é para o Vasco...
- Não é filho, o da Sala é da mãe, mas tu podes jogar nele que a mãe empresta-te.
- O computador da sala é do Vasco, mãmazita, é para o Vasco...
- Então e a mãe fica sem computador?
- A mãe fica com o Novo.


Fiqueí assim a saber antecipadamente que o pai tinha ido comprar-me uma prenda com o Vasco, e apesar de lhe ter pedido segredo, o mesmo foi inocente e rápidamente desvendado.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nightwish "The Phantom Of The Opera" with lyrics

Pode-se gostar ou não, mas indiferente ninguém fica... (Eu gosto)

CUMULO DA COMPREENSÃO



Um cumulo é um excesso, é uma hipérbole geradora de anedotas. É um ponto apartir do qual, uma situação se torna caricata por utrapassar os limites do razoável.
Por vezes sinto ulprapassar eu própria, determinados limites - particularmente um que me ocorre de momento, que é o da compreensão!
Quase sempre encontro uma justificação para tudo, mesmo para aquilo que não tem grande explicação. Senão vejamos a seguinte anedota que eu propria crieí:

- O cúmulo da compreensão é entender e aceitar sem um violento ataque de fúria, que os outros nos digam de um filho - e directamente na nossa cara (quando ele apresenta uma diferença) - COITADINHO!

Entendo sinceramente, que esta não é normalmente uma reacção prepositada com maus intuítos para nos ferir, (pelo contrário). Por conseguinte, compreendo a ideia e "engulo" sempre sem ripostar ... Mas com igual sinceridade pergunto: Será que não podiam reflectir um pouco (só um bocadinho), para não usarem tal expressão, que é (a meu ver), reveladora da mais pobre e ignorante emotividade?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

MUNDOS (INFELIZMENTE) À PARTE


O espaço era pobre, sem quadros, nem telas, nem bonecos, nem nada... Apenas gente e cadeiras básicas de sala de espera de quem desespera e despreza pormenores. As paredes eram de um branco sujo pelo passar do tempo, que fazia sombrio o cenário, encarregando-se o Inverno da restante decoração, com o seu mais gélido frio que se nos ia entranhando.
Era dia de nova consulta. A sobrelotação era evidente, assim como o desconforto do espaço. Tal como nós, vinham pais e filhos de todo o país; consegui até aperceber-me que das ilhas também haviam "representantes". Era portanto, tudo novo... seria mais uma das consultas iniciais que percorremos - a ultima - porque dali, acabaríamos por trazer (apesar de tudo), o mais experiente, conciso e completo relatório, relativo ao diagnóstico do nosso filho.
Entretanto a espera conseguiu derrubar-me, em minutos. Não sei precisar quantos, apenas os suficientes, para ver com os meus olhos uma concentração tal de toda a espécie de síndromes e anomalias, cuja visão me marca, até hoje!
Outras linguas se faziam ouvir... palavras poucas, mal ditas, mal pronúnciadas, a maior parte delas profundamente silênciadas. Estranhos "grunhidos" para os meus ouvidos ecoavam forte, como que numa desgarrada - Tinha a sensação que vinham de todos os lados, e instintivamente os meus olhos percorriam cada uma das faces por detrás destes sons desconhecidos. Com eles o rosto da diferença severa. O rosto, e muito, muito mais... Poucos minutos se passaram até eu desistir.
Logo no guichet, ao dar os dados, senti-me agoniada, mal disposta, apitos na cabeça, tonturas, calores e frios... tinha que fugir para me recompôr, nem sabia bem de quê! Talvez nunca me tivesse imaginado actriz principal daquele filme e no entanto o momento era real. Éramos nós que estavamos ali.... nós e mais uma imensidão de mães, pais e filhos - a maior parte em profunda agonia, tentando sózinhos controlar as naturais "exaltações" dos seus filhos, crianças, adolescentes e adultos em quadro de complicadas perturbações.
Parecia-me um mundo à parte!

" Peço desculpa, mas não me estou a sentir bem e tenho de ser rápida. Tenho marcada para hoje uma consulta de Autismo com o meu filho. Ele está lá fora com pai, uma vez que estes ambientes sobrelotados o desiquilibram... Acha que a consulta vai demorar muito? (Pergunteí)"
" Minha senhora, então não pertence aqui. Aqui é acompanhamento de perturbações mentais graves, e multideficiência. A consulta de autismo, tem umm espaço próprio"

Indicou-me o caminho e saí a correr, sem olhar para trás! Senti-me como que atropelada por um camião e semi-reboque. Tinha sido "passada a ferro" pelo que os meus olhos viram. Não estava minimamente preparada. Desconhecia esta realidade e fraquejeí como uma covarde!
Já num outro espaço, por acaso, bastante mais acolhedor, fomos atendidos de forma exemplar, sem demoras, nem mais "dores". Agora já eram apenas as palavras que nos feriam mais. E a mim, paralelamente, a distinção dos locais de consulta, as expressões dos pais, o que vira, ouvira e sentira... aquele momento em si - remexia-se tudo em catadupa, na minha cabeça!

O tempo (entre muitas outras coisas), veio a mostrar-nos que a dor maior nasce das nossa mentalidades, daquilo que a sociedade nos transmite, da forma como somos "ensinados" a olhar para estas situações. A dor maior está, muitas vezes em nós e na ideia que temos em relação aquilo que é a diferença, por percebermos bem que ela é um mundo à parte, quando não nos toca a nós.
Normalmente, lamentamos de forma involuntária e expontanea a deficiência, em vez de a acolhermos e aceitarmos como parte da diversidade humana, igualmente capaz e útil.

A deficiência também pode ser eficiência, se bem enquadrada... Assim se façam "roupas" à sua medida e se criem os meios e as respostas adequadas.

sábado, 20 de novembro de 2010

CÀ DENTRO


Tenho andado sem tempo para nada e passam tantas coisas por mim que não consigo registar tudo o que vou sentindo e vivendo. Por vezes são apenas pormenores, pequenas coisas, pessoas que vou conhecendo, outras vidas que vou admirando, histórias que me fazem pensar, aprender... Tanta coisa que queria contar mas que vai ficando por dizer - "ajudas" que não posso dar, choros que não consigo calar, as dores de outros que não sei fazer parar!
A memória é um armazém imenso, quase infinito. É nela que vou guardando as experiências que me inspiram e me dão gosto partilhar, mas ultimamente os dias passam como uma corrente com milhares de histórias, que não consigo apanhar a tempo para organizar.
Ultimamente, as ideias não fluem, amontoam-se e ficam mal armazenadas. Surge então a necessidade de parar, sentar-me comigo mesma, beber um chá para conversar... Dizer-me que não posso correr mais que bola, não posso querer chegar a todas as balizas! Dizer-me que não devo sentir tanto, ouvir tudo, ver demasiado... Regular o meu botão da sensibilidade e olhar apenas para dentro.
(É que também há um mundo cá dentro que precisa ser alimentado).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

MUSICA PARA OS SENTIDOS

Porque gosto de apreciar uma voz divina, e partilha-la com os amigos, aqui fica mais uma das "minhas" musicas. (Espero que gostem - esta acho que até faz bem aos ouvidos)!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

PEQUENAS COISAS

Se estivermos atentos a muitos estímulos, somos bombardeados pelas mais variadíssimas situações, ao longo de apenas um dia. O mundo gira e corre cada vez mais a uma velocidade alucinante! Mesmo em momentos que pretendemos descontraír, tentando hibernar do mundo, a informação está sempre presente nos mais singelos locais e entra por nós dentro sem pedir, porque vivemos num mundo global e nem sempre nos conseguimos isolar para repôr energias.
No fundo, somos produto do mundo, que curiosamente vamos construíndo. Questionar o que valemos como produto, ou o que vale o mundo que temos construído, parece-me discutível, e condicionado à medida de cada um. Em consequência desta espécie de relatividade, os nossos estados de espírito, também são fruto da visão que vamos tendo das coisas e da dimensão que lhes damos.
Hoje por exemplo, estava um dia frio, chuvoso, a crise económica adensa-se, ergue-se e toca a todos, (toca-nos sem dúvida a nós também); os valores estão claramente em decadência; a injustiça generaliza-se, e a desmotivação individual impõe-se como forma mais vulgar de reagir às intempéries. Hoje não havia, portanto, nada de especial a celebrar, mas eu e o meu amor saboreamos o dia, como se vivessemos noutro mundo! Mas não, não pertencemos a nenhuma galáxia distante - convivemos é com um filho muito especial - que tem sido o "professor" que nos tem ensinado a valorizar as coisas mais simples da vida e por isso mesmo, a viver muitos pequeninos momentos felizes.

Este que a seguir vos deixo, por me parecer digno de partilhar, registeí-o no maravilhoso jardim da Gulbenkian, na expectativa de que o apreciem e acima de tudo porque acho que a felicidade se faz de coisas pequenas.

ALGO DIFERENTE PARA OUVIR

Porque gosto de sons fortes, e vibrantes...

sábado, 30 de outubro de 2010

ESCOTEIROS (Continuação)


... Quase uma hora da manhã e ainda não se dorme cá por casa. Os telemóveis estão à mão e o pensamento voa, tentando imaginar como terá adormecido o nosso menino, sem os nossos abraços, sem os beijos e as conversas de final de dia. Mas a verdade é que o telemóvel não tocou, o que quer dizer que ele adormeceu bem, sem nós.
Estamos apenas os 2 - o Vasco foi passar a noite no "abrigo" dos escoteiros, com os companheiros do seu grupo!
Ia carregado: saco cama; 1 muda de roupa; meias, boxers, alimentos para o pequeno almoço e ... um dos seus panos (tipo fralda) para aconchegar à cara antes de adormecer. Não há noite que passe sem este elemento, pelo que o coloqueí na sua mochila, mesmo sem que fizesse parte da lista de coisas a preparar. (Coisas de mãe - podia fazer-lhe falta caso se sentisse mais inseguro).
Ficou, por entre risos e brincadeiras, com os outros meninos e por momentos senti que levitámos... Antes, observeí como se divertiam juntos, como corriam para se esconder no jogo das escondidas, como se colavam uns aos outros no jogo da cobra pegajosa, e como formavam filas alinhadas, perante o olhar atento da chefe do grupo, que os dirigia como numa pequena orquestra - Formatura executada com sucesso. E o nosso menino estava lá!
Deixamos o local com a certeza de que se iam divertir muito e com o peito cheio de alegria e esperança, porque afinal de contas as portas se vão abrindo lentamente. Este pequeno acontecimento, tem a dimensão de uma vitória tremenda para nós, que não seria possivel sem que do outro lado houvesse vontade...
São estas as oportunidades porque luto, mas ninguém pode lutar de portas fechadas! Por isso, e pelo que significa esta noite, o meu eterno e profundo agradecimento ao Grupo de Escoteiros de Vialonga, às chefes da Alcateia, aos meninos que integram o grupo e seus pais.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

SUBINDO DEGRAUS


- Atender cada vez melhor o telefone de casa;
- Lavar sózinho os dentes;
- Escrever e ler cada vez mais e melhor;
- Fazer contas de até 3 dígitos em máquina de calcular;
- Lavar a loiça;
- Jogar "Sonic" no computador (muito melhor que a mãe e o pai);
- Andar nos escoteiros;
... e tantas outras conquistas!!!

Eis algumas das conquistas deste meu grande heroi - o Vasco - que me fazem sonhar e ter momentos de felicidade dificeis de conseguir explicar!
Talvez tudo se torne mais claro, se vos disser que não há muitos anos atrás - (talvez há uns 5), ouvi da boca de uma conceituada médica especialista a seguinte frase:
"Ele poderá nunca vir a dizer uma palavra".

Podia e muitos há que não chegam efectivamente a subir esse degrau, mas na minha modesta opinião, não se deviam confrontar os pais com tal verídito antes do tempo!
Será que equacionam o impacto deste prognóstico nos pais? De que vale sobrecarregar-nos com esta sentença de quase "morte"? Que beneficios trás à criança e sua familia pensar que o pior pode acontecer, quando o futuro também pode vir a revelar-se melhor?
Perguntas, para as quais dispenso respostas. Não olho por muito tempo para trás... O nosso caminho é em frente, esperando sempre o melhor, consciente de que ser autista não é lá grande ponto de partida, numa sociedade ainda em desenvolvimento de mentalidades, com falta de recursos, de dinheiro e de vontades... mas se até aqui temos conseguido viver momentos felizes, porquê não acreditar que assim prosseguiremos? Percalços, sempre existem em todos os caminhos, importa não os vivermos antecipadamente, porque eles já pesam bastante quando chegam!

Petição ‘O que queremos é viver’ – Movimento Vida Independente em Portugal

Pretendo Assinar a Petição ‘O que queremos é viver’ – Movimento Vida Independente em Portugal

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

STING (FRAGILIDAD)

SEM COMENTÁRIOS...


sábado, 9 de outubro de 2010

VER COMO OS TEUS OLHOS VÊEM...



Ultimamente o Vasco mostra um interesse extremo em fotografia. Diz que ele é que é o fotógrafo e sob os mais variadíssimos ângulos e interesses, lá vai debitando fotografias do meu telémovel, com grande prazer. O dito aparelho, é felizmente de uma resistência incalculável suportanto uma ou outra queda ou tiragem de foto mais efusiva e entusiástica, sem ceder. De inicio ainda lamentáva a sua sorte e chegueí a dar-lhe pouco tempo de "vida", mas este telémovel deve ser mesmo bom e nos ultimos tempos é um companheiro inseparável do meu filho. Com o tempo fui espreitando o seu trabalho fotográfico e comeceí a reparar que tinha arte... Consegui em cada foto, perceber um pouco da forma de ver as coisas, do meu menino. Ver como os seus olhos vêm e surpreender-me em cada momento. Talvez sejam os meus olhos de mãe a valorizar algo que poucos conseguirão ver, mas para mim desenha-se um futuro artístico de valor. Nem que sejamos (eu e o pai), os seus únicos fãns e os maiores reconhecedores da sua arte.
Hoje e após talvez mais de 4.000 fotos, equacionamos oferecer-lhe um telémovel ou uma máquina fotográfica digital - dar-lhe asas à imaginação e abrir novas portas no caminho dos nossos mais simples sonhos de pais.
(Deixo-vos um slide-show com algumas das suas melhores fotos)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

"EXPERIÊNCIAS" NÃO LABORATORIAIS

O que não fazem os pais pelos seus filhos? A resposta esperada é sempre óbvia: os pais fazem TUDO pelos seus filhos. Connosco, não é diferente, e as nossas cabeças fervilham em busca do que de melhor possamos proporcionar ao Vasco. A diferença reside apenas, nas limitações que temos à partida,(nem sempre fáceis de identificar). Antes de mais, precisamos que nos aceitem e nos permitam integrar o nosso filho nem que seja para fazer uma "experiência". Por outro, temos de compreender e aceitar que nem todas as actividades poderão ser benéficas, seja pela falta de interesse que lhe lhe possam suscitar, ou porque os seus limites podem não lhe permitir estar bem nelas. Daqui advêem automáticamente sentimentos complexos de digerir, que talvez possam ocorrer, no geral com todos, mas que em pais de crianças com necessidades especiais, se podem revestir de particular dimensão. (A considerar:) - Dar o "frágil" peito de pais, ao possivel manifesto de recusa social, sem grande possibilidade de defesa; (quando pura e simplesmente os nossos filhos não são aceites). - Ter presente que a cada nova actividade que preconizemos para o nosso filho, (fora do contexto das terapias para a deficiencia), o estatuto inicial com que somos premiados é o da "experimentação", (dizem-nos, quando há boa vontade, que se fará uma experiência). - Refrear expectativas e gerir as que nos ficam como possiveis, um pouco às cegas, uma vez que nem sempre é fácil o reconhecimento exacto das limitações; (Seja porque se trata de um filho, seja porque pela própria problematica em si, tal definição não é matemática). - A exposição das excentricidades e dificuldades do nosso filho, perante um grupo de pais e crianças ditas normais. (Alguns, com as reacções mais insensíveis que se possa imaginar). - Possivel sensação de ampliação dessas dificuldades, nestes contextos. (Parecem tornar-se mais evidentes, ao pé de crianças que não demonstram as mesmas dificuldades). Com estes complexos sentimentos, muitos pais isolam-se e fecham-se erradamente em conchas distantes da sociedade, apenas para evitar um consequente sofrimento... Só que nestas conchas, a vida passa como que ao lado de tudo e as hipóteses de evolução da criança tornam-se remotas, bem como a tão necessária visibilidade e reconhecimento social, sobre estas realidades. Deixa-se de existir! Em contraponto: as hipóteses de alargar os nossos pequenos horizontes, com resultados reais e evidentes; a esperança de ir subindo degraus, de ir podendo fazer uma vida mais funcional, de chegar perto de uma vida quase normal... e mais do que isso, ter uma vida feliz! Paralelamente, aparecer aos outros é um meio de derrubar as barreiras do desconhecimento e da ignorância que costuma acompanha-lo tantas vezes, abrindo inclusivé caminho aos que se seguirão a nós para que esse caminho seja cada vez mais facilitado. Tem muitíssimo mais peso! Como, há já algum tempo, ultrapassamos os complexos sentimentos que atrás refiro - precisamente passando por todas aquelas situações sem ceder ao isolamento, e em abono da verdade porque o Vasco tem subido importantes degraus que aumentaram as nossas expectativas - cá continuamos o caminho... Desta vez pensámos mais alto, e arriscámos inscrevê-lo nos ESCUTEIROS. Contactámos os Escuteiros de Portugal, expondo abertamente a situação. E foi com a mesma abertura que fomos bem recebidos. Sábado próximo será a 3ªvez que o deixamos por 4 horas entregue ao grupo. Acreditamos que pode ser positivo para todos, mas estamos receptivos ao facto de o poder não vir a ser. (Prometo ir dando notícias por aqui).

sábado, 2 de outubro de 2010

"O GRITO"





Video feito por um pai muito especial, dedicado ao seu filho (com perturb. do espectro do autismo).

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

FILME DO MAR

Chegadas as rotinas do novo ano lectivo, assentam de novo as poeiras do reboliço das férias grandes. As cores dos dias, começam a fazer-se de outros tons, e as minhas horas parecem agora ter mais minutos. Nesses minutos vou arrumando os caixotes das recordações que ficaram lá atrás, organizando o arquivo dos caminhos já percorridos, e sonhando com os que teremos para percorrer, lá mais para a frente.
Retenho-me numa foto do meu filho rodeado apenas da imensidão do mar, e começo a sintonizar-me num filme...

- Sinto-me a vê-lo de longe frente ao mar, como que pelos caminhos da sua própria vida. É corajoso, tanto quanto é ingénuo! Entra na àgua fria e desafiante, como quem tem a situação controlada. Entra e sente-se feliz. O sol brilha intensamente, aquecendo o seu corpo, fortalecendo-o para os mergulhos que vai dar. Avança corajosamente, preparando a cada onda, um salto que o faz ultrapassar com sucesso, os obstáculos que vão surgindo. Consegue fazê-lo e vai por isso sorrindo, e rindo, e rindo... Ao longe consigo ver a bravura do mar que o seduz, que o convida a ir mais além, mas o Vasco não tem pressa... o mar estará sempre por ali à sua espera, basta que saiba apenas saltar sózinho a cada onda, basta que o sol brilhe sempre para o confortar e basta que o mar apenas o chame para brincar.
´
... É que na realidade o tempo passa e com ele vamos ter de ir deixando o Vasco fazer sózinho, frente ao mar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INCONGRUÊNCIAS


Não é fácil manter uma postura optimista, neste mundo cada vez mais louco! Situações de vida que vou conhecendo, geradoras dos meus mais conflituantes pensamentos. Às vezes dou comigo num embróglio tão grande de dúvidas filosóficas e quase existênciais, que quanto mais penso, menos conclusões tiro.
Por norma, sou adepta de uma linha de pensamento que coloca no ser humano, a insatisfação como estado permanente - o que faz com que nunca se esteja contente, seja qual for a condição. Ora, este sentir limita os eventuais momentos de felicidade que todos poderíamos usufruir mais, caso tivessemos capacidade para apreciar as coisas belas da vida. Como, por regra damos grande ênfase aos "fados" que encontramos pelo caminho e às coisas que não temos, desvalorizamos os milagres diários com que também somos premiados. Parece uma conta simples de fazer.
Páro para reflectir um pouco melhor, e logo se me avolumam outras hipóteses mais complicadas, mas tão ou mais legítimas que a anterior... E sinto-me enfraquecer nas convicções. Se me deixasse ficar por ali, a conta estava feita e o resultado apurado - voltar-me-ia assim para a minha vidinha (que já me dá que fazer) e pronto cada qual tem as suas doses.
Mas este meu questionar incessante, inerente à minha pessoa, leva-me quase sempre a OLHAR para os lados e a VER um pouco melhor as razões dos outros.
Como não tenho grande estaleca para o sofrimento alheio, claro está que tenho dias que caio por terra, sinto dores que não são as minhas,(somadas naturalmente às minhas), e sinto-me tentada a desistir desta mania de parar para pensar e olhar para os outros.
Depois ralho muito comigo e digo-me que afinal não tenho o tamanho que às vezes julgo, que sou uma covarde quando penso em virar as costas a quem precisa só porque me "incomoda" a alma; que tenho muito a crescer e a aprender sobre solidariedade... Ralho mesmo muito comigo e digo: O que seria de quem precisa, se todos se "incomodassem" como tu, se todos tentassem "fugir" como tu?
Aí, olho-me ao espelho e sinto-me desarrumada por dentro... Respiro fundo, sorrio e lá parto mais uma vez, rumo a outras tentativas de compreensão e apoio que gosto de dar aos outros, porque também sabe bem receber.
De facto, cada vez mais, dou o braço à palmatória e entendo que a tal insatisfação das pessoas, por vezes não é assim tão infundada. É que Ouço histórias e relatos de outras vidas - absolutamente impensáveis - e pergunto-me como me sentiria eu neste filme? Teria o mesmo optimismo? Aquele optimismo que defendo como melhor opção de vida?
Mas porque raio tenho eu de olhar para os lados para fazer "voluntariado"? Será por educação? Será defeito? Estareí inconscientemente a tapar as minhas dores, ou é mesmo feitio?
Vejo tudo à minha volta a desmoronar e mesmo estando "inocente" e sendo alheia aos casos, roí-me a consciência, a tranquilidade ...
Como posso sentir-me optimista e feliz, quando de uma perspectiva diferente da minha, muitas pessoas sucumbem neste momento às suas realidades, mesmo por baixo do meu nariz? Como posso receitar optimismo, a quem rastejando sobrevive, no meio de verdadeiras trovoadas?
Através dos meus olhos, procuro sempre ver o belo, a bondade dos que a têm, o milagre de estar viva, de ter uma casa, comer, poder ter amigos, e uma familia maravilhosa.
Atraves dos meus olhos, como milhares de pessoas, não tenho emprego mas penso nisso como uma oportunidade para fazer coisas que gosto, para dedicar-me mais um pouco aos outros, para estar mais tempo com o meu filho, para ler, aprofundar conhecimentos... (e tudo se há-de arranjar).
Através dos meus olhos, e ainda que o meu Vasco tenha Autismo, só consigo ver aspectos positivos nele, e acredito que o futuro também me trará alegrias como hoje, e que as coisas vão melhorar na sociedade, porque antes já estiveram bem piores...(Procuro nunca ver o que não tenho - não sei se porque tenho muito, ou se porque valorizo o pouco que tenho).
Direccionar os olhares para o lado mais negro, parece-me apenas uma "opção", tão razoável como dirigi-los para o melhor lado... São ambos igualmente reais porque penso que tudo tem dois lados, pelo que não se vive na mentira ou ilusão por preferir um deles... Acho que devemos escolher aquilo que nos faz sentir melhor, porque a vida é curta, é única (até prova em contrário) ... Acredito que estamos aqui para viver, (evitando sobreviver).
Vasculho as possibilidades todas e claro que sempre tenho as minhas respostas, porque não me quero desviar de mim - da minha essencia, nem que tenha de vasculhar o tempo todo.
Sei que apesar das duvidas, no dia seguinte voltareí à carga, sorrindo com o meu optimisto natural aos que me rodeiam e que eventualmente pareçam estar a precisar de uma lufada de ar freco ... mas ao mesmo tempo confesso que também receio que o justificado negativismo de tantos que me rodeiam, acabe por me fazer vergar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

UM DIA DE CADA VEZ


No outro dia, dei comigo, a observar o meu filho, e pela primeira vez, a pensar séria e profundamente, como podería vir a ser o futuro... O dele, o nosso.
Foi como se a minha cabeça se tivesse abstraído de tudo, desligado dos rótulos, da condição, da crise na sociedade e no mundo, dos nossos caminhos... e num flash materno instintivo e natural, deí comigo a perguntar.
Esqueci-me, porventura, que tal pergunta me devia estar "vedada"... Esqueci-me, por momentos que devo viver é um dia de cada vez. Já o tinha aprendido à muito. Como é que me fui esquecer deste sábio ensinamento da vida? Um-dia-de-cada-vez, feliz pelos exitos já alcançados, grata por ter-mos tanta sorte em tantos aspectos... e viver Só o dia a dia, saboreando-o.
Felizmente o estupido instante foi tão rápido, que não chegueí a "vestir a camisola", e tão pouco tive tempo para reflectir na forma como ela me iria servir se eu tivesse dado largas à dita pergunta.
Dizem que há perguntas que não se devem fazer... E há mesmo.
Sei que posso sonhar, e imaginar. Sei que o meu menino me continuará a dar alegrias a cada dia. Posso-se pensar positivo e esperar ir-mos subindo mais degraus, mas colocar destas questões "difíceis", (que talvez pareçam simples para tantas pessoas), sei bem que não devo.
Mais tarde é que fui avaliar bem, que raio é que me tinha dado!
Talvez fosse porque por vezes, caio naturalmente na tentação de olhar para o meu menino sem "distinção" - "desprezando" um diagnóstico, vendo-o apenas a ele... Talvez para mim ele seja sómente o meu filho e eu a mãe - que conforme tantas outras - se preocupa com o futuro.
Mas lá volteí ao meu bom senso, e percebi a alarvidade deste meu pensamento! As ideias são mesmo assim, e que atire a primeira pedra, quem não se "desvia da sua linha", algumas vezes na vida. (São uma espécie de brancas que nos dão, de vez em quando)!
Valeu-me o seu maravilhoso sorriso, valeu-me aquele brilho nos olhos e uma montanha de abraços e beijihos bem repenicados, para me trazer de volta à terra, sentir-me feliz e no fim das contas, concluír:
Que orgulho é ter um filho que mesmo com as suas limitações, tem tantas capacidades! Como quando neste meu momento de "abstração", me chamou à razão, apenas no silêncio das suas expressões, dos seus abraços, dos beijos e toda a sua alegria;
Tantas capacidades, como quando no esforço das suas conquistas me vai permitindo sonhar e ser feliz...
Este filho tão especial que tem revolucionado a minha cabeça, (que em tempos era tão mais superficial), e me faz capaz de ser esta mãe abnegadamente dedicada, que eu hoje sinto, ter conseguido ser.
Por ele, sinto-me tantas vezes especial!!!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

PEDRA NO SAPATO

Tenho dormido pouco... O dia passa rápido, sempre ocupado por todas as solicitações de atenção, por parte do Vasco. Não há grande margem para as minhas coisas - aquelas que chamo de só minhas, como tomar um simples banho completamente descansada, ler, escrever, tratar de assuntos que me digam respeito. Durante o dia, definitivamente, não há tempo. O Vasquinho quer-me a todo o instante. Excusado será dizer que esse facto muito me agrada, porque contraria o aspecto autista de um certo gosto pela "solidão", mas em certas alturas, esgota-me. É quando chega a noite, que tenho alguma hipótese de entrar no meu espaço - muitas vezes retirando-o ao pai Miguel. È uma fase... nem sequer é má, apenas é demasiado exigente. Tenho alturas que penso que até já o Vasco estará um pouco "saturado" de mim, e desta rotina das férias escolares com a mãe, (que começa a ver esgotadas as actividades possiveis de fazer com ele). As férias são demasiado grandes. Lembro que eu adorava a escola e quando se aproximava a data do seu iníco, ficava sempre muito ansiosa pelo dia. O Vasco deve sentir como eu sentia... ou parecido, porque lhe noto saudade. Pede-me trabalhos: cópias, contas, e tarefas - tal como faz na escola - e eu feliz da vida vou-lhe dando essas actividades conforme posso e sei. Fico imensamente feliz quando vejo que lhe agradam os exercicios e que inclusivamente os vai melhorando e aperfeiçoando, cada vez mais, com gosto. Mas a intervenção técnica (das suas professoras) em meio escolar é vital para que prossiga neste caminho de desenvolvimento das aprendizagens curriculares (de acordo com as suas capacidades) e sociais (integração com outras crianças e comunidade). Por tudo isto, desejo o início escolar, mais que sempre.
Entretanto, os dias passam e as noites são muito pouco dormidas... é normalmente à noite que tenho licença para vir até ao meu "mundo" e estar a sós com os meus pensamentos, mas o sono começa rapidamente a vencer-me e não posso ficar acordada comigo, toda a noite - como eu queria. Mas não me queixo, porque a verdade é que vou dando conta da missão, apenas (e não é pouco), tenho uma "pedra no sapato" - por sinal uma que me magoa bem fundo e fininho no pé. É o tempo que não tenho para estar com o pai Miguel... Não consigo dividir-me mais, e não tenho capacidade de prescindir dos meus bocadinhos, sem sentir que começo a ficar "demente"... preciso deles, mas preciso igualmente dos nossos momentos a dois e não tenho sabido como o fazer. Espero que o pai Miguel me perdoe e acima de tudo que me compreenda, as coisas encarrilarão em breve, outravez.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O SISTEMA


... Setembro. A escola está prestes a iniciar. Percebo saudade nos sentimentos do meu Vasco, e alegro-me com isso. É revelador do ambiente acolhedor que apenas os puros afectos, são capazes de proporcionar a uma criança. Comecei a prepara-lo para o incio da escola, e não tenho tido nenhuma dificuldade com ele; até me parece que está radiante com a ideia. Espera ele, encontrar a mesma sala, os mesmos colegas, as mesmas professoras e técnicas externas de apoio à unidade de ensino estruturado. Não lhe passa pela cabeça que alguma destas situações, possa vir a sofrer alteração. Na minha também não cabe esta ideia, mas sei que é possivel e é isso que todos os inicios de cada ano lectivo temo. Não é preciso ser especialista para entender que com estas crianças especiais as pessoas importam e MUITO, particularmente se o caminho se tem feito de sucesso e empatia.
Receio e a 12 dias do inicio escolar não sei se é cumprida a "regra do superior interesse da criança", com a manutenção de todos os componentes, nas mesmas circunstâncias, de modo a dar-se continuídade ao trabalho já feito.
Mais um ano, mais aprendizagens - assim o espero - não de forma ansiosa, mas bastante ciente de que estes anos são fundamentais para a sua vida futura. Aprenderá por certo, durante toda a sua vida, mas está comprovado que nas fases mais precoces destas crianças (ouvi de um médico, que até aos 8, 9 anos), o investimento terapeutico e educativo reveste-se de importância vital e pode fazer uma grande diferença na vida adulta. Nas minhas mãos está uma parte... procuro dar o meu melhor. Nas mãos da escola está a outra parte - talvez a outra metade de um puzzle que completa a possibilidade dele vir a ter uma vida o mais independente possivel. Não é pouca coisa! Acredito piamente nas mãos que apoiam o meu filho para esta missão - porque felizmente tal como eu, sei que dão o seu melhor a cada dia, mas o tempo é definitivamente este... agora - o Vasco fará 9 anos durante este ano lectivo, é preciso manter a mesma dedicação (desta não duvido) e as mesmas CONDIÇÕES - o sistema não deve minimizar esta questão, sob nenhum aspecto.
É que o tempo não pára e estas crianças não podem esperar pela suposta evolução de algumas mentalidades, nem podem ficar à mercê dos sistemas que funcionam mal ou das condições existentes que nem sequer chegam para todos, sob pena de se comprometer o seu futuro e o das suas familias. Preocupo-me imensamente com todas as crianças que esperam por melhor sorte, por melhores mãos... preocupo-me na certeza de que muitos adultos "diferentes", que vivem hoje em grande sofrimento e com vidas perfeitamente dependentes, tiveram também o "sistema" como "carrasco"... e questiono-me até quando haverão histórias assim? Bem sei, e é certo que as coisas evoluíram imensamente: os meios, a ciencia, as técnicas, a sociedade, a informação, a partilha... Mas atenção que mesmo assim, a nota é insuficiente porque persistem notícias de discriminação, negligência, de falta de ética e moral, de falhas enormes no sistema, (sempre o sistema)...

Na verdade, e por todas as histórias de vida que tenho vindo a conhecer nos ultimos anos, não há duvida que a diferença, a deficiência ou as necessidades especiais, não são ainda encaradas com o respeito e a seriedade que merecem. Enquanto existir uma só história destas, não posso sentir-me tranquila - obviamente, por força da minha experiência própria - mas também me custa a perceber, como podem outros sentir-se bem... Por exemplo, aqueles a quem a vida não premiou com nenhuma grande dificuldade deste género e que deveriam agradecer esse facto, apoiando quando há oportunidade, mas que ao invés se vão pondo sorrateiramente à margem, como se não fosse nada com eles, ignorando; ou pior quando passam ao ataque porque se sentem incomodados com a diferença... Mas sobretudo questiono-me, como podem sentir-se bem, aqueles que vão conduzindo o dito Sistema, com responsabilidades acrescidas, alimentando-o sempre do mesmo "cozido á portuguesa" que já enoja, enjoa e doí profundamente, nas familias que vão sendo vítimas dele!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

NAS NOSSAS MÃOS


Não tenho sentido os anos passar por mim... (Talvez ainda tenha poucos para esse sentir). Mas eles vão passando, um a um - sentença natural, perfeitamente democrática - e que é igual para todos. A diferença reside porventura na nossa pessoa, na forma como passamos pela vida ou na forma como ela vai passando por nós!
Efectivamente ainda não sinto o peso biológico dos anos, mas já senti o peso do sentido de frases feitas, ouvidas tantas vezes por outros com mais anos e experiências do que eu. Dizem, por exemplo muito sábiamente, que a vida nos vai transformando, ou nós vamo-nos transformando com ela - parece quase a eterna questão sem resposta, de quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha, mas não é... A questão é distinta e pertinente. É que para mim, ser-mos transformados pela vida, parece-me essencialmente mais passivo e dramático do que transformar-mo-nos nós próprios com ela. Para mim - que até hoje tenho aceitado positivamente os seus desígnios e agido activamente no sentido de bem conviver com eles - a questão essencial nem é essa...

Em que medida mudeí? De que me serviram as experiências? Aprendi algo importante? Tenho estado "à altura" das situações?
São reflexões que faço, como que para sentir uma certa segurança, que me faça acreditar que com os anos vireí a ficar cada vez mais evoluída, mais forte... melhor ser humano para mim e para os outros - é assim que a vida me parece ter sentido!
Na minha mente os desafios de viver são imensos e é nas nossas mãos que reside a melhor ou pior forma de contorna-los e conviver "pacificamente" com o que a vida nos trás, valorizando sempre muito mais os bons momentos e aquilo que aprendemos dos momentos menos bons.
No entanto, pergunto-me algumas vezes se estes meus pensamentos serão falsos e portanto, meros mecanismos de defesa, ou se são efectivamente verdadeiros caminhos que podemos sempre optar como atitude, perante os acontecimentos. Pergunto-me e respondo-me mantendo a mesma forma positiva de reagir (pelo menos até hoje - a ver vamos se a vida não me muda).
Quer esta minha atitude seja, realista ou idealista, é sem duvida a que me resulta melhor!
Afinal de contas, não existe neste campo uma verdade Universal... E Vida, até prova irrefutável em contrário, só temos esta - devemos pois procurar vive-la o melhor possivel!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

SEM COMENTÁRIOS...





SEM COMENTÁRIOS, APENAS COM TODO O MEU AMOR...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

INSISTIR, PERSISTIR E NUNCA DESISTIR

Hoje foi dia de cinema com o Vasco. TOY STORY 3 - os bonecos protagonistas desta história têm-lhe chamado à atenção desde que os viu numa apresentação, e eu logo "aproveiteí" o seu interesse para magicar uma nova ida ao cinema. Foi a segunda vez que o leveí comigo, (sendo que já havia ido uma vez com a escola). A expectativa é a de que a sétima arte lhe seja cada vez mais agradável, procurando que dessas experiências, ele possa retirar mais aprendizagens e bons momentos de prazer. Percebo que todo aquele ambiente cinematográfico lhe agrada: as imagens, o entusiasmo das outras crianças presentes (hoje, por sinal muitas), televisões por todo o lado, pipocas a rodos e copos gigantes de COCA-COLAAAA! O filme também tinha versão em 3D e desta vez não perdi a oportunidade... quis experimentar com o Vasco os óculos "mágicos" que proporcionam visões alucinantes. São muitos ingredientes apelativos para que as coisas evoluam bem. E realmente assim foi... Desta vez ainda correu melhor! Apesar dos quase 30 minutos de outras apresentações e anúncios publicitários - que quase faziam cair o momento em aborrecimento (dada a espera) - finalmente lá surgiram os bonecos do Toy Story que tanto o têm fascinado ultimamente... Não consigo aqui expressar a sua alegria perante as imagens dos seus ídolos - ainda por cima em 3D - mas garanto que foi imensa e pegou-se a mim como super cola 3! Dáva gosto vê-lo rir, olhar para as outras crianças verificando se partilhavam a sua alegria, e claro, se tinham colocados os óculos.
Chegou o intervalo e penseí que tal como no filme do Shrek, provavelmente ele não iria querer voltar para a segunda parte... Enganeí-me. Quis apenas ir buscar um pacote de pipocas, tirar umas fotos e voltar para a sala.É verdade que na segunda parte, as pipocas também foram importantes para que se mantivesse o seu interesse em permanecer na sala. Perguntava-lhe várias vezes se queria ir embora, disse-me sempre que não, mas à medida que o tempo ia passando a sua excitação aumentava levando-o, de vez em quando aos seus habituais saltitos de satisfação e a dar um ou outro grito mais sonoro (ainda que abafado pelo estridente som do filme. Finalmente também desistiu dos óculos pendurados no nariz e já não era fácil, mante-lo sentado na cadeira. Nada que me tivesse parecido muito mal, sobretudo porque verifiqueí que o comportamento de todas as outras crianças também se havia já alterado um pouco mais, com o tempo (já andavam alguns levantados na sala, manifestando uma efusividade perfeitamente alheia ao autismo, em alguns, mais evidente até que a do Vasco).
"Fechadas as cortinas", saímos e eu senti uma espécie de saborosa vitória. Uma tarde de mãe e filho no cinema... o meu príncipe estava radiante e tinha-se portado como um homem! Na minha mente passava como um flash a frase - Insistir, persistir e nunca desistir é o lema, e se por vezes o temos de fazer umas frustradas 20 vezes ou mais, noutras a coisa corre bem à terceira!
Pode até ser que nem venha a gostar muito de cinema, (nem todas as pessoas gostam), mas pelo menos já experimentou, conhece, e poderá fazer as suas opções em consciencia de acordo com as suas preferências. A mãe Cristina, estará aqui para o acompanhar, incentivar e mostrar as coisas interessantes da vida - muitas vezes tão pequenas para alguns - mas tão significativamente importantes para nós aqui por casa!

Para terminar, não poderíamos sair do Shopping sem "picar o ponto" na Worten... Já se sabe que o Vasco e a tecnologia (aparelhos, electrodomésticos e afins), são como "unha e carne". E lá fui com gosto, porque é mesmo uma alegria estar com um filho, e poder sentir a sua felicidade!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

DE VOLTA


Após um intervalo na blogosfera, (para férias), o regresso faz-se com a cabeça cheia de pensamentos e recordações, ideias novas, (ainda que as velhas ideias, também por aqui andem sempre comigo).
Tanta coisa para contar, tantos pensamentos - muitos perder-se-ão no tempo... É que não consigo escrever à mesma velocidade com que penso as coisas! Nem consigo traduzir tudo quanto vou vivendo e sentindo apenas com as minhas palavras... Julgo que é mesmo assim, quando estamos abertos e receptivos à vida e aos outros, quando estamos e queremos estar atentos ao que se passa à nossa volta, estejamos onde estivermos.
Sem duvida, que venho renovada de forças; é importante mudar de cenário e ter oportunidade de conhecer outras paragens, outras gentes e formas diferentes de viver. Enriquece-nos sempre.
Não menos importante é aproveitar todos os momentos a dois e namorar muiiiitoooo... Afinal de contas, é para isso que as férias também nos servem - Extreminar implacavelmente o malfadado stress com que nos vamos enchendo durante o ano. Depois, é claro, que esses momentos de idílio nos acabam por saber sempre a pouco... Ficamos então com a esperança de poder repetir a dose mais ou menos dentro de uns 12 meses, (nem é muito para quem já esteve uns 5 anos sem disposição nem possibilidade).
Acima de tudo, é bom perceber que sabe bem partir, mas que também é muito bom voltar, trazendo maior inspiração, saudade e uma imensa vontade de estar por aqui convosco.
Beijinho grande a todos e até já

MAIS UNS DIAS FELIZES

sexta-feira, 23 de julho de 2010

PERGUINTAS DIFÌCEIS



"... Como chama o teu médico?"
"... Como chama o médico da Avó?"
"... Como chama o médico do Gabriel?"
Ultimamente, pergunta-me o Vasco o nome dos médicos de várias pessoas que conhece. Costumo préviamente prepara-lo, quando temos uma consulta, para que ele aceite melhor os momentos de consultório, que nunca gostou particularmente.
Começou depois a perguntar-me expontaneamente os nomes dos médicos de outras pessoas, como quem quer saber se os outros também vão ao médico. Decidi dizer-lhe (e creio que não menti, que toda a gente tem um médico, para ver se estamos bem. Pareceu-me que gostou da ideia de não ser apenas ele a ter médicos e a coisa ficou esclarecida.
Hoje, quando o chameí para lhe dar o remédio (risperdal), ele tomou-o - como sempre - mas como nunca o tinha feito antes, perguntou-me em jeito de afirmação: "O Vasco está doente". Esta frase, engasgou-me a alma e não consegui de imediato responder... Preciseí assimilar o que ia no pensamento do meu Vasco. Não fiqueí com a certeza absoluta, mas suspeito que ele começa a entender a sua "diferença"... As pistas começam a denunciar uma certa evidencia desse seu entendimento. (Será?)
Estupidamente, disse-lhe que são vitaminas para ele crescer e ficar forte - não soube o que lhe responder. (Nítidamente chumbeí neste teste, e senti-me pequena ao pé dele).
Por agora creio que, ainda que mal porque menti, resolvi a questão, mas já se me afiguram no pensamento outras perguntas dificeis, para as quais, talvez deva preparar-me melhor!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

UMA MENSAGEM EM 4 IMAGENS

Neste blog, procuro dar a conhecer, as Perturbações do Espectro do Autismo.(Espectro quer dizer que a perturbação se apresenta numa espécie de escala de sintomatologias, variaveis desde um grau mais severo até ao mais leve).
Relato sobretudo, as minhas experiencias particulares - e assim o continuareí a fazer - no entanto, e como cada caso é efectivamente um caso, fiz algumas buscas de videos no sentido de clarificar o melhor possivel esta condição, para que compreendam a sua imensa diversidade... (Que nenhuma mãe ou pai sinta que fica de fora, porque apenas é abordado um determinado tipo de Autismo). Desde de que convivo com "ele", sinto-o como uma causa única, onde desejo para TODOS - independentemente do tipo de gravidade - as melhores condições, um maior conhecimento, e a melhor aceitação social. (PARA TODOS)!

Acredito que por mais força que tenham as palavras, o peso de uma imagem, consegue ser muitas vezes bastante mais esclarecedor. Nesta perspectiva, elegi as minhas quatro ultimas postagens como "agente divulgador" da mensagem.
As duas ultimas relatam os dois extremos do Quadro Autístico: Severo a Savant. (Pelo que leio - são em numero, os que representam uma menor percentagem de ocorrências).
Nas anteriores, revejo-me um pouco, e por isso mesmo as escolhi para iniciar este ciclo, que aqui termina, com a seguinte frase:

Ser Mãe é assumir de Deus o dom da criação, da doação e do amor incondicional. Ser mãe é encarnar a divindade na Terra.
Barbosa Filho

ROSTOS DO AUTISMO (Autismo Savant)

ROSTOS DO AUTISMO (Autismo Severo)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

DE FÉRIAS DA ESCOLA


As férias do Vasco prosseguem. Ele, claro, está radiante da vida. Ainda que eu perceba que tem saudades da escola e dos colegas, professores e auxiliares. Fala imenso neles, pede-me para escrever coisas sobre a escola, fazer desenhos da sala de aula e faz comentários que entendo como perguntas. Por casa a vida decorre sem regras muito rígidas, ele é o rei, e essa personagem encaixa-lhe bem, como a todas as crianças, (penso). Eu bem tento impôr-lhe regras, mas parece que ele intuí a minha "fraqueza" e muitas vezes não faz grande caso do que lhe tento impôr. Preciso mostrar-me de facto muito zangada, para ele acatar todas as regras. Tenho que admitir que não consigo fazer melhor... Não consigo ser tão disciplinadora quanto talvez tivesse que ser! Tenho a plena noção que não é boa alternativa as crianças ficarem apenas por casa com as mães, especialmente se forem "fracas" como eu. O Vasco é de facto o meu "Calcanhar de Aquiles"... Nunca lho disse e mostro-me séria quando tem de ser, mas vejo que não lhe provoca grande receio, por assim dizer.
Tenho criado rotinas, uma vez que sei a sua importancia no seu dia a dia. Levantamos e tomamos o pequeno almoço juntos. Arrumamos um pouco as coisas e normalmente vamos os dois às compras, depois brincamos um bocado e ele próprio avisa-me que se aproxima a hora do almoço. Fazemos o almoço - ele sempre "pendurado" (literalmente) em mim, vai-me dando beijinhos, abraços e apertões, como quem me diz que está feliz por estar comigo. Eu também me sinto feliz ao pé do meu menino, mas confesso que sinto que não sou uma "boa companhia" para todas as horas. Por vezes preciso de uns minutos para respirar...
A escola e demais actividades adequadas para eles, são absolutamente fundamentais. Tanto do ponto de vista social, como das aprendizagens. Todos os dias, treinamos algumas das aprendizagens ao de leve - (inclusivé ele pede-me porque assim está habituado), mas não é a mesma coisa. Os contextos são diferentes.
As férias são evidentemente necessárias, mas demasiado grandes para nós - práticamente 3 meses não são compatíveis nem com as vidas profissionais normais, nem com o mais adequado para eles.
As actividades que existem a nivel privado pensadas para estes periodos, são pagas - na maior parte das vezes - a "peso de ouro" e diga-se de passagem, que são poucas para a quantidade de quem as quer e podería pagar. Por outro lado, os ATL's escolares, organizados pelas Associações de pais, nem sempre estão disponíveis para situações de crianças com necessidades especiais... (Na maior parte das vezes, as crianças diferentes não têm lugar nestes espaços). Esta lacuna é um facto e tem de admitir-se sem subterfugios a existencia de uma total despreocupação das Entidades competentes, e até da sociedade civil, quanto a estes casos. Efectivamente, apenas quem sente estas questões mais directamente, sabe avaliar com exactidão aquilo que estou a dizer.
Falo por mim, mas também pelos inumeros casos que sei existirem por este nosso pais, de norte a sul - muitos deles aliás noticiados como situações inaceitáveis, mas que persistem sem grande alteração - apesar da aparente indignação que provocam. Muitas vezes age-se como se não existíssemos, como se não tivessemos as comuns necessidades de todos os pais... pensarão talvez que somos tão diferentes que não temos os mesmos problemas? Temos os mesmos - os de toda a gente - acrescidos de outros, (creio que não é dificil imaginar). A realidade é pois inversa - as nossas necessidades de apoio são por certo maiores, mas poucos parecem querer olhar para isso. Os que olham com mais atenção - (e para eles a minha mais sincera gratidão) - não conseguem contudo ultrapassar com a rapidez necessária, todas as barreiras que também se lhes levantam... mas com calma vamos conseguir - assim o espero.


Por enquanto, e ainda que com algum cansaço, (porque as exigências não são poucas), os dias vão passando e eu vou conseguindo inventar formas de ocupar cada dia de forma positiva... Por enquanto ainda não trabalho, e por incrível que pareça quase rezo para que ele não surja neste momento, porque a verdade é que não sabería que resposta agradável tinha para dar ao meu filho, na minha ausência para ganhar a vida, como toda a gente!

terça-feira, 6 de julho de 2010

OUTRAS VIDAS IV (TRANSCRIÇÂO)

A saúde mental dos portugueses

Transcrição do artigo do médico psiquiatra Pedro Afonso, publicado no Público, 2010-06-21

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.

Pedro Afonso
Médico psiquiatra

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Sensibilização - Autismo

Uma das mais básicas entraves a uma boa inclusão de crianças com perturbações do espectro do Autismo na nossa sociedade, parece-me ser o desconhecimento. Receia-se o que se desconhece...
Opina-se erradamente sobre o que não se conhece e por norma, o desconhecido é evitado.
Precisamos aparecer, mostrar, divulgar, SENSIBILIZAR, para abrir caminhos.
Muitos, caminharão naturalmente connosco, outros virar-nos-ão a cara mesmo conhecendo - mas é nossa obrigação como pais, ir alargando horizontes, para criar oportunidades de escolha àqueles que andam ao nosso lado, mas não nos vêm.
Esta realidade existe e crescem o numero de crianças diagnosticadas como portadoras desta perturbação. Os Autistas não vivem noutro mundo - vivem no nosso - e têm realmente especiais necessidades, que urge colmatar. Para começar, bastaria talvez, que elas fossem mais amplamente conhecidas, compreendidas e seriamente consideradas.
Nesta perspectiva e na de ir adquirindo sempre o máximo de conhecimentos, assisto sempre que posso, a palestras, debates, workshops, onde este seja o tema, e divulgo.
No passado dia 01 de Julho, estivemos (eu e o pai), presentes numa palestra muito especial...
Um auditório cheio, uma organização exemplar e pessoas excepcionais.
Na tela, imagens de 6 crianças e suas actividades diárias... Uma delas era o meu menino - O Vasco.
Não consigo descrever o orgulho que senti e a alegria imensa pelo meu filho fazer parte daquele "filme" feliz - uma Unidade de Ensino Estruturado, provavelmente de excepção. Um recurso estatal, fruto do empenho e dedicação de quem todos os dias dá muito de si, num "trabalho" que sem duvida, AMAM! Não podereí agradecer-lhes nunca, a forma como tratam cada um destes meninos, não se escudando nas falhas do sistema. O sistema tem obviamente falhas, mas as coisas, muitas vezes resultam, quando a vontade é maior! O sistema são as pessoas... onde ele falha devemos melhora-lo!
Vários factores, tiveram e têm que se conjugar sempre, para que o caminho se vá fazendo - As crianças especiais "obrigam" à união de entendimentos conjuntos, entre várias entidades de uma comunidade para que seja possivel o sucesso da sua integração - Câmaras Municipais, Agrupamentos de escolas, Associações de Pais, técnicos externos, professores de ensino especial, professores de ensino regular, auxiliares de educação e pais - todos têm que convergir no mesmo sentido. Disso depende o bem estar presente e o futuro de tantas crianças e suas familias. Quando alguma destas "engrenagens" não funciona, tudo se complica e o final do "filme" não é certamente o mais feliz.
Por conseguinte, o caminho tem sido lento e longo... mas vai-se fazendo.
Desejo e espero cada vez mais ouvir e conhecer, histórias felizes. Desejo e espero cada vez menos ouvir de tantas mães, que o meu Vasco tem sorte... (o que subentendo como uma queixa da falta dela, para os seus filhos). Não é fácil ter a sorte nas mãos da vontade dos outros, quando os outros não tem grande vontade.

domingo, 13 de junho de 2010

AMIGOS VIRTUAIS

Tenho sido pouco assídua.
O tempo parece-me sempre demasiado curto para tudo aquilo que quero fazer. Escrever cada pensamento meu por aqui (e noutro espaço que tenho no facebook); ler os 4 livros que neste momento "descansam em paz" na minha mesa de cabeceira; beber café com amigos com quem não estou à imenso tempo ou com aqueles que desejo conhecer e ainda não houve oportunidade; escrever o meu livro; apoiar com esperança e optimismo quem neste momento mais precise, de acordo com as minhas possibilidades; tratar dos projectos de emprego que tenho; manter a casa em ordem; mimar os meus amores-("regar as minhas flores"); participar mais activamente nos compromissos com os quais me comprometi (Movimento Pais em rede); empenhar-me na causa do Autismo divulgando-o, agindo, pedindo apoios que persistem não existir; arranjar momentos para "namorar"; tratar de mim....
Tanta coisa que preciso fazer e o tempo tão curto, não me facilita as tarefas. Por vezes também duvido da minha capacidade para conseguir chegar a tudo e a todos - Não queria falhar nada! Muitos são os momentos de cansaço, muitos são os pensamentos de fraqueza que se apoderam de mim fazendo-me sentir que eventualmente não tereí tamanho para tudo aquilo que gostaria de realizar. E os dias vão passando sem parar...
Venho sempre aqui para saber como vão os meus amigos virtuais. Leio-os, sinto-os e vibro sempre com a minha sorte em tê-los na minha lista de amigos, mas fico-me no silêncio da minha admiração por eles e isso é insuficiente! Merecem sempre muito mais, por isso hoje e agora, as minhas palavras são apenas para voces:

A vossa presença e as vossas palavras são (e têm sido), muito importantes para mim! Ambiciono, poder sentar-me com cada um de vós e olhos nos olhos dizer o meu imenso OBRIGADA! Partilhar sentimentos - dar-me, porque é grande o que tenho em mim, e receber porque também sinto grande o que existe dentro de cada um de voces...
Viver bocadinhos que realmente importam, celebrar a solidariedade, dividir as boas e as más sensações, conhecer pessoas maravilhosas para perceber que a vida até podería ser perfeita e que nunca se está sozinho, com seres humanos assim. Perceber que no meio desta selva haverá sempre alguém disposto e atento para aqueles que pelos mais diversos motivos, são denominados de mais fracos - fixar-me nesta verdade e tranquilizar-me quanto ao futuro - por mim, pelos outros e sobretudo pelo meu filho, que por maior que seja a minha luta e vontade, não poderá viver sempre sob a nossa protecção.
Por mais que tente encontrar palavras para vos dedicar, o resultado é sempre pobre para aquilo que tenho sentido nos vossos abraços virtuais, nas vossas mensagens, ou tão simplesmente com a vossa passagem por aqui. Mesmo quando apenas me deixam o simbolo que representa um sorriso, ou quando percebo que também se ficam no silêncio da vossa admiração e solidariedade, por algo que (muitas vezes) não vos toca na pele, mas que vos toca profundamente no coração.

Enquanto houverem no mundo pessoas desta natureza, haverá sempre esperança!
FORTE ABRAÇO A TODOS OS AMIGOS - VOCES!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

REPONDO ENERGIAS


Acabo de ir ver a dormir, o meu filho... Todos os dias o faço. Verifico se está tapado, apago a musica com que adormece sempre e aproveito para dar mais alguns beijos que nunca são demais, para mim.
No fundo acho que para além de querer cumprir com as habituais rotinas - que aliás presumo que muitas mães fazem - este "ritual" tem um cheirinho a carregamento de baterias... das minhas. Encontro sempre uma imensa força com estes actos. Uma indescritível magia que me fortalece na sua presença serena a dormir, na insustentável beleza da sua expressão feliz e tranquila...
Na verdade procuro dar-lhe conforto, mas acabo por sair muitíssimo mais confortada.
Procuro fazer o meu papel de comum mãe, mas acabo sempre por sentir que ele faz muito mais que o papel de um comum filho.
Durante o dia, continua feliz, uma alegria constante como se o mundo fosse todo belo e vivessemos num paraízo, e este é o nosso objectivo para o nosso filho que procuramos realizar, apenas a cada dia que passa, sem fazer grandes planos a longo prazo. E assim, lentamente temos concretizado o objectivo (eu e o pai). Não tenho duvidas que vive feliz, e contagia-nos com a sua felicidade de tal forma que raramente pensamos no futuro. Quando isso acontece, já quase não nos causa grande efeito. O nosso menino ensinou-nos a viver o aqui e agora... a disfrutar o presente, e por isso vamos conseguindo também ser felizes com ele.
Não fazemos planos mas sonhamos muito e temos desejos ambiciosos - Tudo coisas boas! Dizem que a força dos pensamentos os torna reais... Sonhamos conseguir manter para sempre essa tua maravilhosa alegria, essa ideia de que o mundo é belo, porque na verdade para ti, tem sido! Sonhamos permanecer sempre juntos contigo, como nossa eterna companhia.
Não é sonhar demais... porque "no hoje", já começas a ser o nosso grande companheiro e amigo... "no hoje", querido filho, já é contigo que contamos para nos recarregares as energias!

domingo, 6 de junho de 2010

ADEUS


... "Ela" chega quando menos se espera, e inexplicavelmente nunca se espera por ela! A morte - fugimos de falar dela, no entanto é das coisas mais certas que temos na vida. Fugimos de falar dela porque ela representa, para todos o final, o fecho das cortinas, a luz que se apaga! Perdi hoje uma pessoa especial. A minha mente reproduz uma série de slides em cadeia de tantos momentos que já não voltam. Não voltariam na mesma, ainda que as cortinas não se tivessem fechado hoje, mas neste dia essa evidência impôem-se com um pragmatismo que pesa mais forte. É assim sempre que a morte nos passa ao lado e recolhe um "amigo". Ficamos a olhar para "ela", perfeitamente impotentes e insignificantes... Inconscientemente, talvez pensemos que um dia será a nossa vez e este facto faz-nos sentir que as lutas da vida parecem inuteis, mesquinhas, pequenas...
Não vou aqui falar da tristeza que sinto, por "ela" ter levado agora, alguém que eu tinha aqui no meu peito... não quero chorar-me, nem lamentar-me porque esta é a nossa condição a partir do momento em que nascemos, apenas lembro a todos, que é nestas alturas vendo como "ela" chega, (muitas vezes sem avisar),que melhor percebemos que a vida é mesmo curta e é em vida que devemos fazer e dizer tudo quanto seja necessário dizer. Quando as cortinas da vida se fecham, já não são precisas palmas, nem espectáculos de consagração. Quando as cortinas se fecham, fica tarde para demonstrar seja o que for. É em vida que temos de arranjar tempo para viver e reviver momentos, ideias, sentimentos.
Hoje partiu uma pessoa especial... uma espécie de irmão mais velho que não via à imenso tempo, um irmão mais velho com quem partilheí jogos, musicas, duvidas existenciais, conversas filosóficas, anedotas, projectos, colecções, e... discussões! Nem sempre concordámos e da ultima vez que discordámos, (há talvez uns 12 anos), foi irremediável... Não mais falámos desde então. Agora é tarde, mas perante a chegada "dela" para o recolher, pergunto-me, de que valeu estar tanto tempo sem lhe dizer que já tudo havia passado, que não o podia "julgar" mais, e que tinha aqui a minha mão, se precisasse? Pergunto-me, como e porquê não lhe disse que ainda gostava dele como antigamente, que ainda o sentia como meu irmão da mesma forma, e que o que mais desejava, apesar de tudo, era que fosse feliz na sua nova vida?
Foi o malvado tempo que passa com uma pressa alucinante e não nos deixa ver que "ela" pode chegar para nos levar a qualquer momento! Deixamos sempre as coisas para depois como se fossemos eternos e depois o tempo, implacávelmente um dia, esgota-se!
Ou talvez tenha sido mesmo eu, que mergulhada num estupido orgulho e enrrolada nas agruras da minha vida, não tivesse querido voltar atrás para, a tempo, ter mudado alguma coisa...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

OUTRAS VIDAS III



Deixo-vos a sugestão de um livro extraordinário, relatado de forma doce, sensível, profundamente humana e real. Pura e simplesmente adoreí ler este livro e perceber que por detrás de alguns médicos, existem grandes homens.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

CENSURADOS


Os olhos também falam e podiam tantas vezes estar calados. Além de fazerem bastante melhor figura, ferem os que por eles se sentem inutil e estupidamente julgados.
Já não lhes dou ouvidos como antigamente, mas ainda me questiono sobre a ignorância que sem pingo de vergonha, se continua pavoneando por aí. Olhares que se julgam sábios, conhecedores... de quem já sabe tudo e pretende com a sua douta sabedoria punir quem foge à etiqueta do normal, apenas com um olhar cheio de censura que tão fácilmente nos arremessam.
Os olhos também falam... basta sairmos à rua e levarmos os nossos filhos Autistas, para ensurdecermos com as vozes acusadoras!

Recordo-me que de inicio não imaginava tal insensibilidade e pasmeí por passar a conhece-la. Recordo porque quem assim não julga, não pensa que possa vir, a ser assim julgado.
Mas o tempo trás consigo a clareza das coisas e ajuda-nos a relativizar estas atitudes, e até a compreende-las...
Compreendo que os comportamentos excentricos podem causar repulsa, naqueles que não os entendem imediatamente como sinais de eventual perturbação, e que por isso os enquadram automaticamente na esfera da falta de educação. (Ainda assim, acredito que os espírito mais humildes e atentos, reflectem primeiro, e já não acusam depois).
Compreendo, que não se relacione a perfeição fisica e fisionómica, tantas vezes acima do vulgar, com uma perturbação como o Autismo - São concepções erradas que se vão enraizando nas sociedades e que teimam em impôr-se como verdades.
São estas concepções que é urgente mudar, e é para mudá-las que também ando aqui, me sinto viva, me sinto forte e com um grande objectivo - eu e muitos mais no mesmo caminho! Talvez um dia nos cansemos porque não conseguiremos nunca mudar o mundo, mas alguma coisa mudaremos, porque olhando para trás, verifico com felicidade que tanta coisa importante mudou já.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

CARAS E CARETAS

terça-feira, 25 de maio de 2010

Salas estruturadas nas escolas ajudam crianças autistas - Portugal - DN

Salas estruturadas nas escolas ajudam crianças autistas - Portugal - DN

É com este método que o Vasco aprende e evoluí, com este método e com o insubstituível amor, e apoio das professoras e assistentes na respectiva unidade de ensino estruturado e professora do ensino regular, na escola que frequenta pelo segundo ano. Sem elas, sem o seu excelente desempenho, e dedicação e o método não funciona. O Vasco tem progredido imenso e cada vez consegue maior autonomia na sala da turma do ensino regular - isto é resultado de uma série de factores que apenas produzem efeito positivos porque se enquadraram e se apoiaram numa mesma direcção. Os métodos são importantíssimos e este apresenta de facto resultados, quando os profissionais, a multidisciplinariedade e a empatia que é necessário criar, também se encontra e existe neste cenário. Pelo que como primeiro passo, a legislação criada foi preponderante, mas não resultaria, sem uma verdadeira entrega e aceitação deste desafio, por parte dos professores - tanto do ensino especial, como do ensino regular. Em grande parte, está nas mãos destes profissionais, o melhor sucesso possivel destes meninos, que rápidamente serão adultos mais ou menos autónomos amanhã. Tenho a convicção de que a grande recompensa destes profissionais é irem vivenciando a experiencia daquilo que floresce através dessa entrega, e esforço diário. Mas no fim das contas acredito que estas experiencias, sejam porventura na vida de cada um destes professores, das coisas mais gratificantes que tiveram no seu percurso. (Assim todos abrissem as portas e o coração à diferença)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

"PEQUENOS" CONTRASTES


Hoje conto-vos uma pequena "história":

Supermercado cheio, pessoas atarefadas às compras, procurando principalmente bens essenciais - (precisamos sempre de comer). Várias caixas para efectuar os pagamentos. Numa delas, duas mulheres com idades semelhantes, mas rostos diferentes... A da frente, não precisou de carrinho, nem tão pouco de cesto - iria gastar pouco. Com os codigos de barras, passam pela registadora, uma cebola pequena e um tomate. Tinha um euro na mão e no pensamento um receio enorme que não chegasse. A operadora informa que são quarenta centimos, transparecendo de imediato na cliente, um obvio alívio:
- Ah, e eu a pensar que não chegava! (Chegou, e ainda sobrou, que sorte).
A Assistir a isto, a mulher imediatamente a seguir - cesto cheio, tão pouco precisou de carrinho, mas sem duvida um contraste inquietante. Frutas de varios tipos, legumes a peso na balança, azeitonas e pão. A operadora informa o valor, transparece uma expressão relativamente tranquila no olhar... mas o coração aperta-se-lhe e o pensamento angustia-se.
Duas mulheres, as mesmas necessidades, percursos de vida diferentes....


Nesta história sem "moral", o final não é feliz, nem infeliz, apenas porque esta é uma história real. Desconheço totalmente a identidade da senhora da frente. A senhora de trás era EU! Nesse dia foi dificil tranquilizar o meu espírito, pela vivencia de tão evidente contraste, mas sobretudo pela minha "vergonhosa" inacção! Costumo sentir-me uma pessoa sensível ao que se passa em meu redor, e interventiva sempre que possivel. Podemos e devemos sempre intervir nestas situações, até porque hoje pelos outros, amanhã por nós mesmos. Ninguém tem o destino nas mãos e a vida dá voltas que nem sempre esperamos. Tendo tudo isto em mente, como fui eu deixar passar tal evidencia?
No fundo serviu para que eu olhe para mim mesma e perceba que por vezes andamos tão distraídos com os nossos problemas que não olhamos para os lados - chama-se a isto distracção ou egoísmo? Seja lá o que for, é algo definitivamente a melhorar em mim.
No fundo serviu para eu entender que ainda me falta muito para crescer e evoluir, porque estas distrações ajudam à manutenção do nosso mundo, tal como ele hoje está, e eu acredito que ele pode vir a ser um mundo muito melhor. Mas acreditar não chega, é preciso agir!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O MEU BONECO!


Agora sim, pode dizer-se que começou o calor a sério - pelo menos por estes dias, a coisa vai aquecer bastante. Fico com outra inspiração e força. É o poder do sol, que ninguém duvide! Goste-se mais ou menos, a sua luz e o seu calor, têm poderes absolutamente mágico em nós.
Entre as muitas coisas que me apetece fazer por estes dias, há uma que é também necessária: pensar que, dado aquilo que o meu Vasco cresce a cada ano, tenho que comprar-lhe umas roupitas:-)))) Coisa que, confesso, adoro! Não é consumismo desenfreado, se bem que tenho de segurar os meus ímpetos, é mesmo porque a cada ano, pouca coisa do anterior, lhe serve.
Assim, lá vou eu - (agradecendo a Deus ainda ir podendo fazê-lo), e com aquela satisfação de adolescente, que vai agora mesmo, mudar todo o seu guarda roupa.
Entro nas lojas e escolho cada peça com uma felicidade que se alimenta da visão, que de imediato tenho, do meu menino com elas! Escolho as cores mais alegres, os tamanhos que melhor assentam, e procuro que haja harmonia na conjugação do estilo e das cores entre si - procuro que as meias combinem sempre com as cuecas considerando também os tons das restantes peças. Tudo é pensado ao pormenor. Por fim, muitíssimo importante, é o calçado - não pode limitar-lhe nenhum movimento, nem magoá-lo por ser novo... tem que ser de qualidade para durar toda a estação e respeitar a estrutura óssea dos seus pés, ainda em crescimento. Também gosto que o que ele calça, tenha a ver com aquilo que veste. Parece uma coisa simples ou futil, mas para mim não é. Quero que sinta conforto, quero que se sinta bonito e único, quero que se sinta livre - que nada o impeça de correr, saltar, jogar à bola, e sobretudo quero que se sinta acariciado, quando a roupa que lhe escolho com tanto amor, lhe toque em cada poro da pele.
Parece fútil e banal, mas para mim não é... Comprar roupa para o Vasco é como que voltar aos tempos de criança e vestir o meu boneco, que é o unico que me deram e pelo qual sinto um orgulho imenso! Na realidade é mesmo como se estivesse a vestir o MEU boneco... (e estou)!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

UMA QUESTÂO DE FÉ


Tenho andado absolutamente impressionada com a forma como a vinda do Papa Bento XVI mobilizou milhares e milhares de pessoas, levando algumas a expressarem inclusivamente uma emotividade que muito respeito, mas que por mais que eu tente, não consigo na sua totalidade compreender. Acima de tudo respeito... Não tem mal nenhum que se emocionem com a personalidade em questão, é até muito positivo! Por certo é ignorância minha e desconhecimento de causa. Francamente não estou familiarizada com as atribuíções que se devem ao sumo pontífice... provavelmente é um grande homem e com grandes feitos realizados em prol da humanidade, de outra forma não despertaria tanta emoção. Prometi a mim mesma, nestes dias, debruçar-me sobre o assunto, porque me alimento da bondade dos outros e é sempre bom conhecer as acções daqueles que na prática se dedicam a fazer bem numa sociedade inteira que depois, justamente venera a pessoa que a pratica. Debruçar-me-ei para conhecer a sua obra (Se alguém me puder ajudar nestas informações, eu humildemente agradeço). Até lá, admiro e emociono-me com as obras daquelas pessoas que conheço - personalidades conhecidas, outras nem tanto: amigas que guardo no peito pela mão que sempre têm para dar aos outros; voluntários em causas "perdidas" que mais ninguém apoia; missionários religiosos ou não que dedicam as suas vidas aos que mais precisam por este mundo fora... tanta gente boa que ninguém venera... mas pouco importa, porque quem é bom por natureza, também não vive para louros. Pouco importa que não lhes reconheçam as virtudes, porque no fim das contas, é Deus quem nos "julga". A minha fé é esta - um Deus, uma força maior, transcendente, um criador, uma energia que nos move, que nos enche de alegria, e que nos segura na tristeza ... A minha fé é nas pessoas, nas suas acções diárias, pequenas, simples mas grandes e profundas... Emociono-me muitas vezes com pessoas assim!
Hoje estou em pensamento filosófico, existencial e espiritual, porque pensando nos valores que proclamam os representantes do vaticano e da igreja católica - que são valores de generosidade, de amor ao próximo, de misericórdia, de solidariedade e de fé - é com extrema alegria que vejo tantos milhares de pessoas que partilham desses ideais e portanto presumo que os pratiquem no seu dia a dia! (Talvez eu tenha andado algo distraída porque não me tenho apercebido de tanta generosidade assim - realmente tenho que andar mais atenta, considerando as emoções a que assisti hoje pela televisão).
 
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