domingo, 29 de novembro de 2009

O Nosso Natal


Cá por casa, consegue-se fugir pouco aos costumes natalícios da actualidade, mas o sentimento com que o vivemos e a ordem de importância que damos às coisas desta quadra, talvez seja um pouquinho distinta.
Compram-se presentes - uns de coração, outros nem tanto...
Come-se à farta - sempre mais do que necessário...
E junta-se a familia...

No fundo, não sou bom exemplo, porque segundo as minhas ideias sobre o Natal, não devia compactuar com este tipo de festevidades, ou pelo menos com algumas das suas formas.
A minha "redenção" faço-a através do meu querido Vasco... Com ele comeceí a ver o que realmente é importante e o resto é como que um automatismo que pouca coisa me diz. Este sentimento é partilhado com o pai que mo confessa nas nossas muitas conversas.
O nosso verdadeiro Natal é o Vasco pedir-nos para fazer a àrvore de Natal, com aquela ansiedade naif que caracteriza a maioria das crianças levando-me a pensar que o Natal é mesmo deles, e a sentir por momentos que as diferenças entre o Vasco e os outros meninos da sua idade, parecem por vezes tão ténues...
O nosso verdadeiro Natal é perguntar-lhe pelo 5º. ano consecutivo (desde os seus 2 anos que o fazíamos), que prendas quer receber do pai Natal, e obter uma resposta com a sua voz maravilhosa, que demoramos tanto tempo para ouvir...
O nosso verdadeiro Natal é que mesmo que a excentrícidade do seu desejo com as prendas possa parecer significativa - diz que quer um relógio de parede e um relógio de pulso - nós iremos na mais total felicidade em busca das suas prendas favoritas, seja lá onde for e ansiamos pela alegria, que esperamos se lhe vá estampar no rosto, ao desembrulhar o seu magnífico presente. Pelo meio compraremos outros - como sempre - na esperança que desenvolva nele o gosto por brincadeiras comuns, como já acontece com muitos brinquedos hoje.

São estes alguns dos pontos altos no nosso Natal, e acreditem que são estes os momentos da mais pura das felicidades que esta quadra nos oferece.
Sinto-me grata por ir conseguindo ter a possibilidade de ter tudo o resto, mas o nosso Vasco ensinou-nos a viver uma outra magia no Natal e a valorizar coisas que provavelmente pouco interesse suscitam no Natal de outros.

Natal Adiantado


Aproxima-se o mês de Natal, mas há muito que se vêm os seus sinais por toda a parte. A meu ver, antecipação algo precoce, se considerarmos que o mês que lhe pertence é o mês de Dezembro. Este "adiantamento" assenta provavelmente em aspectos económico-comerciais e com a importância de ir embuíndo nas pessoas o tal espírito Natalício, que seduz, impelindo-nos mais cedo ao impulso de comprar. A ser esta uma verdade, valia mais, pôr as cartas na mesa e dizer que hoje em dia o Natal representa, principalmente uma desenfreada corrida ao consumo, desvalorizando-se outros principios que deveriam surgir em primeiro lugar.
No geral, dá-me ideia (e talvez possa estar errada), que os presenteados cada vez ligam menos aos presentes, porque são em excesso...
Os que os oferecem (não raras vezes), compram como um descarte de consciencia próprio apenas da obrigação de presentear, ou pensam no valor que o dito presente vá aparentar.
Salvo as excepções, o Natal começa em primeiro lugar a resumir-se a isto, surgindo então para planos mais secundários, outros aspectos:
SOLIDARIEDADE: Solidifica-se e cresce nesta época - pena que seja um BUMMM de Dezembro... ainda assim é sempre muito bem vinda e comove.
FAMILIA: As famílias juntam-se e convivem como se tivessem relacionamentos de amor perfeito, o que mesmo que só por 1 ou 2 dias, já me parece positivo. Outras há que nem nestes 2 ínfimos dias do ano, se podem sequer ver.
RELIGIÃO: Sempre controversa e muito subjectiva pelo que gosto pouco de comentar. Apenas uma nota para dizer que curiosamente, embora esta quadra seja antes de mais uma celebração religiosa, parece que grande parte das pessoas se esquece deste facto baseando a "festa" nas prendas e no comer à farta (isto quem ainda pode).
Mas o que mais me intriga no Natal, é a loucura que parece pairar no ar e invadir os comportamentos da generalidade das pessoas, que revelam por esta altura uma aceleração, ansiedade e nervosismo tão fora do normal, que quase me causa receio pensar que tenho que pôr um pé fora de casa. (Será que o subsídeo de Natal faz mal?)

De facto o ser humano está em constante mudança e isso reflecte-se em tudo, nomeadamente na forma como tem "evoluído" a celebração do nascimento de Cristo.

sábado, 28 de novembro de 2009

O Caminho dos Pensamentos


Os sons, por exemplo - alguns inspiram-me e transportam-me a um mundo infinito de pensamentos....
O som da chuva forte que bate numa qualquer janela...
O simples assobiar do vento por entre folhas...
O bater das ondas do mar nas rochas, ou o som da água que segue o seu percurso nas nascentes...
Pode ser o barulho repetido de um comboio sobre carrís, e pode até ser o som que consigo ouvir quando o silêncio impera.
Nesses momentos dou por mim absorvida em pensamentos que nem sempre escolho. Apesar de os podermos tentar condicionar (por vezes com enorme esforço), os pensamentos não são controláveis e resvalam para onde muito bem querem.
Costumo tentar que sigam caminhos floridos com cheiro a orquídeas e jasmins; posso tentar pensar nos doces sorrisos das crianças - quase sempre puros, isentos da malícia do passar dos anos; Posso tentar pensar no fascinante milagre que é a concepção da vida e em como uma célula fabulosamente se desenvolve; posso até tentar focar os meus pensamentos no amor que dou e recebo, como um encontro de almas quase gémeas que crescem lado a lado, ultrapassando as mais difíceis barreiras...

São os pensamentos positivos que procuro sempre, porque são eles que muitas vezes me seguram de pé e impelem a seguir em frente com coragem e até alegria...
... Só que os pensamentos nem sempre se controlam e por vezes invadem-me, empurrando-me para caminhos mais sombrios.
Ideias que me pesam bem mais e que me carregam a alma de um cansaço persistente que procuro a todo o custo abafar, numa espécie de finta ao pensamento - muitas vezes, por mim perdida.
E quando ele segue indomável por esse trilho, mais não posso que deixar-me ir, chorar se for preciso e esperar que a luz que sempre se acende nestes momentos, seja breve na sua chegada e suficiente para clarificar-me a alma e fazer-me ver que estou no caminho errado, porque afinal de contas, felizmente, há sempre dois caminhos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Carrocel de Emoções


Tenho uma certa mania de descrever sempre as coisas por que vou passando, e tentar que as palavras contenham a carga emocional, que sinto em determinadas situações da vida.
Talvez seja a melhor forma que encontro para ir "exorcisando" as emoções que persistem em me invadir - "enchendo-me" em demasia - por uma exacerbada sensibilidade minha, (ou por "mariquice").
O reverso da medalha desta "mariquice", é que vivo as coisas muito intensamente, por vezes até à exaustão - as minhas e as dos outros, e muitas vezes o meu estado de alma, mais se parece com uma gigantesca montanha russa, que embora segura e bem controlada, oscila dos zero aos 360 graus, em menos de um minuto! Muitas vezes basta-me uma imagem, um sofrimento alheio, uma palavra mais dura, um pensamento, uma preocupação... e lá vem o carrocel das emoções para me levar em mais uma voltinha.

Mas, isto de recorrer-me da escrita para exorcisar sentimentos, não é mais que pura teimosia, porque apesar de adorar escrever, já devia ter aceite há muito, que essa é uma missão impossivel... Existem sensações que não cabem nas palavras, por muito que nos queiramos expressar dessa forma. Talvez os poetas - e não todos - o consigam fazer melhor... No entanto, vou prosseguindo com esta mania que me faz sentir bem, mesmo que chegue ao fim do ultimo parágrafo, sempre com a mesma sensação de insuficiente...
POR EXEMPLO:
Ontem - "apenas" um resultado negativo num simples exame mamográfico de rotina, me emocionou até à alma, fazendo-me sentir grata por estar aqui, por ter chegado pelo menos até ao dia de hoje, sem essa luta do cancro da mama. E como vivo um dia de cada vez, neste, senti-me muito feliz!
Enquanto esperava, apertava-se-me o coração, imaginando que daquela sala de exames saiem muitas vezes, notícias que mudam tudo numa vida... Sei que as coisas não acontecem só aos outros - não que eu seja das mais distraídas neste aspecto, mas na pele as coisas queimam sempre muito mais! Penseí em mim, nos outros... pedi que o resultado fosse negativo para todas as mulheres que estavam naquela sala... e se possivel para todas no mundo!

Hoje - "apenas" a cara de um pai - concretamente o seu olhar amigo, compreensivo e solidário - ainda que meio perdido nestas coisas do Autismo,(por certo, seu grande desconhecido)... apenas a sua expressão de: eu quero ajudar... a sua frase: "quero que o meu filho contacte com o seu, porque são valores que acho positivo incutir às crianças"... o seu coração aberto, emocionou-me de tal forma, que penseí não suportar... Consegui engolir um choro de alegria e agradecimento que teimava em me vencer, desviando os meus olhos dos dele para não ver a sua mão humildemente esticada, o seu brilho num olhar fraterno e meio emocionado, e penseí que se todos os pais fossem assim, seria tudo tão mais fácil!
Se todos os pais de crianças sem necessidades especiais - tal como num diagnóstico de cancro negativo - soubessem agradecer a Deus essa dávida até ao presente dia (o amanhã ninguém sabe), e dar a mão a quem tem outro resultado que embora não represente o fim de nada, significa sem duvida uma grande luta mas que nos transforma em pessoas bem melhores e que pode ser ultrapassada com o apoio de todos, o mundo evoluiría!
Como muito bem quis expressar-me este pai, a integração de crianças diferentes nas escolas, só pode ter muito a ensinar a todos.

Os valores de humanísmo como: a solidariedade, a valorização da vida, o respeito por todos, o altruísmo - estes não vêm nos livros, estes valores os pais não conseguem expressar totalmente nem pela escrita, nem por palavras... aprendem-se por acções positivas que possam transmitir, e aprendem-se também, no dia a dia com estes meninos especiais... E tenho a certeza do que digo, porque em nenhuma outra parte do mundo eu teria aprendido tanto da vida como com este meu anjinho lindo que tem como diagnostico: um nome pesado e lamentávelmente ainda muito desconhecido chamado Autismo, mas que com a sua própria força e o apoio de pessoas excelentes, vai evoluindo e desmistificando a palavra.

E a Ti - querida amiga especial - que foste o motor desta batalha, pelo meu filho e por todos aqueles que possam vir no futuro - desejo o melhor do mundo... Continuo sem palavras para te expressar a minha gratidão ao teu gesto, ao teu empenho gratuito, apenas pela vontade de fazer bem, apenas por seres uma das tais excelentes pessoas... a ti aquele abraço forte! (Tu sabes do que falo e sabes que me refiro a ti).

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Para adormecer


Hora de dormir - começam os rituais, meu filho. Fazem-te sentir seguro e a mim sabem-me tão bem! Nuns dias tens o pai para ti nesses momentos, noutros sou eu, como ontem...
As músicas no computador, os ataques de cócegas bem rebuscados, os beijinhos repenicados - uns a pedido, outros por tua doce iniciativa...e as nossas conversas de amor:
- "Eu quero esta mãe... esta mãe aqui pé do Vasco, canta mãe... gosta da mãe sim... muitoooooOOOO... os muitos da mãe..."
Apertas-me, abraças-me, mexes no meu cabelo, na minha cara... sentes-me e ficas feliz por eu estar ali... sentes-me apenas e sinto que me saboreias com felicidade. A luz já se apagou e ficamos assim ao som das músicas que adoramos, num enamoramento sem igual.
Lentamente o sono vai chegando, e eu afago-te um pouco mais... começo a poder ser eu a sentir-te profundamente, com a certeza de que não te vou invadir demasiado. Apetece-me apertar-te também e beijar-te até ser dia... mas limito-me a uma meia duzia deles, bem leves e suaves para não te despertar... Cheiro-te e embriago-me nesse sentido... é um cheiro que me "soa" a bébé, que me envolve em loucura... é um cheiro que me apetece guardar numa caixinha para trazê-lo comigo e saciar-me quando precisar de ti... E fico assim - numa espécie de sensação de paragem no tempo, sentindo banhar-me pela ternura do amor infinito que te tenho, meu filho - até também eu adormecer...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

MOMENTOS PARA AGARRAR


Ontem fui assistir a uma "aula" de natação do meu Vasco. Eu na Bancada, atenta a todos os movimentos, e ele com o seu mais especial "terapeuta" - o Pai. Foram cerca de 50 minutos únicos para mim... senti toda a espécie de sensações concentradas naqueles momentos! E descrever é dificil... A alegria extasiante que o Vasco demostrava inundava-me, transbordando-me de sentimentos, fazendo-me sentir que é por este momentos que luto tão afincadamente! Se a felicidade se pudesse personificar e ver-se como algo de palpável... então aquilo foram momentos da mais pura e verdadeira! Queria agarrar esses momentos com a força das minhas mãos e fazer parar o tempo ali mesmo!
A piscina estava cheia, mas uma espécie de áurea cintilante assomou-se de mim, abraçando-me e fazendo-me desligar das coisas mais terrestes. Soltou-se-me um breve e suave choro, mas daqueles que sentimos quando a alegria é imensa e não cabe em nós... e ele ria, saltava, mergulhava com a força da alegria que só conseguem ter as crianças mais puras. O pai - incansável amigo, companheiro, terapeuta e especial professor de natação - olhava-me de vez enquando como quem me diz: vês como conseguimos fazer o nosso menino tão feliz... como quem me diz: hei-de, nem que seja a ultima coisa que me seja possivel, aos poucos fazer do meu Vasco um homem feliz e capaz de tudo!
A fé do Pai Miguel é inabalável... tanto que me contagia e me faz sonhar com o infinito para nós os 3... mas eu por ser mais receosa, limito-me a desejar que estes momentos de felicidade se repitam por muitas vezes e se sobreponham à dor que nos inflinge, grande parte das pessoas em nosso redor.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

RESPONSABILIDADE SOCIAL


Transcrevo um artigo que li recentemente e que para mim tem um sentido tão importante quanto especial, porque as crianças que forem formadas hoje, serão os homens com quem o meu filho se relacionará amanhã, e a felicidade de todos depende de um futuro melhor, mais humano, mais solidário e responsável socialmente.

"È importante que as crianças e jovens cresçam com a consciência de que a responsabilidade social é fundamental para que possam crescer felizes, éticamente realizados e a ajudar quem mais precisa.
Os pais têm um papel fundamental nessa chamada de atenção para a responsabilidade social e para o que isso implica. Por isso não perca tempo e comece a agir neste âmbito. Converse com os seus filhos e expliques-lhes o que é a responsabilidade social, depois faça-os entender a importância de estarem envolvidos em acções que ajudem a manter o nosso planeta e os seus habitantes saudáveis. Incuta-lhes que é importante plantar àrvores, reciclar, ser solidário, voluntário, partilhar bens e tarefas, doar e estender a mão a quem mais precisa, pois só assim poderemos viver numa sociedade mais justa e com oportunidades para todos. E nunca se esqueça que o exemplo começa em casa, pois o seu filho tende a seguir os seus passos e a educação que lhe incute. Desperte nele outro tipo de responsabilidades e outras formas de ver o mundo. As pequenas acções podem fazer uma grande diferença!"
"Qual o papel das escolas? O dever das escolas e dos professores, não é somente proporcionar conhecimento, mas também formar cidadãos responsáveis e solidários que possam contribuír para o bem estar da sociedade. As escolas devem desenvolver acções que despertem os alunos para a responsabilidade social, como promover programas a envolver lares de terceira idade, orfanatos e instituíções de abrigo. Devem ainda incentivar à participação em campanhas contra a fome, pobreza, racismo, poluição, ou outras."

Uma ultima nota minha, relativamente a estas temáticas: Tenho a plena convicção que estas pequenas acções custaríam pouco a realizar tanto por pais como por professores nas escolas, e não me restam duvidas de que seria este o único caminho para um futuro melhor para todos... podemos optar por outros caminhos, porque a vida é um livre arbítrio, mas os resultados das práticas de hoje, reflectir-se-ão nas vidas dos nossos filhos amanhã.
 
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