sábado, 3 de dezembro de 2011

AUTISMO E POLITICA (NADA A VER)

O uso da palavra autismo como adjectivo pejorativo - muito habitual como troca de insultos nas lides políticas - pode parecer para a maioria das pessoas uma questão menor, mas não é. (Para muitos, nem sequer é uma questão).  Resulta sobretudo de ignorância e desconhecimento acerca do sentido correcto da palavra e reflecte um certo tipo de egoísmo pelo que se passa com os outros.
Parece até já ser algo pacífico, natural e enraizado na sociedade… parece - especialmente se nada disto tiver a ver connosco.
Para quem convive com esta situação de vida, esta é uma questão que denigre, marginaliza, humilha e magoa… É lamentável chamar autista a outro, com o intuito de o ofender… E eu lamento profundamente que autista seja um termo utilizado ofensivamente!
É uma questão que dificulta a nossa luta como familiares de autistas, para esclarecer à sociedade a verdadeira condição dos nossos filhos, e das suas necessidades. No mínimo, reforça a ideia simplista e equivocada que a sociedade tem, de que "os autistas vivem no seu próprio mundo", o que não corresponde à realidade.

“Ao ajudar a estigmatizar a palavra "autista", pondo-a no mesmo rol de outras expressões pejorativas especialmnte usadas em confrontos politicos, esses seres públicos reduzem a chance dos autistas de também serem públicos. Chatice politicamente correta? Só pensa assim quem não conhece o assunto.”
“Por causa de suas limitações, os autistas não são hábeis a mentir, a enganar, nem a  falar palavras em que não acreditam”. Como diz o pai de um deles, “Um autista pode ser tudo, mas jamais será um canalha, já um politico…” [Luiz Fernando Vianna, Folha de S.Paulo, 8/7/2006].
O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afecta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas). Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios atrasos no desenvolvimento da linguagem. Alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Actualmente já há possibilidade de detectar a síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos. Certos adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira profissional. Porém, os problemas de comunicação e sociabilização frequentemente causam dificuldades em muitas áreas da vida. Adultos com autismo continuarão a precisar de encorajamento e apoio moral em sua luta para uma vida independente. Pais de autistas devem procurar programas para jovens adultos autistas bem antes de seus filhos terminarem a escola.

Autista é (apenas) alguém que sofre de Autismo…


4 comentários:

Unknown disse...

Um texto com muita oportunidade.
Seria bom que os políticos lessem e soubessem usar as palavras correctas mas ainda mais fossem coerentes e correctos com as suas promessas.

Hoje as palavras deixaram de ter um sentido único e passaram a ser usadas noutros contextos e com significados diferentes.

O novo acordo parece que ainda vem complicar mais a situação do português malbaratado.

Anónimo disse...

I'm sorry, Atena (:-. Não foi por mal, mas tem razão no que escreve.
Beijinho

Atena disse...

Amigo Luis, Obrigada pelo alento:) e pela sua passagem por aqui:) Sabe bem sentir-me rodeada de gente boa. Grande abraço

Atena disse...

Amigo Carlos, Sei bem que não foi por mal! O Carlos é uma pessoa especial, alguém que admiro e prezo muito... alguémm do qual até sinto um certo orgulho em ter por aqui, por sentir que é acima de tudo um Humanista! Nunca acheí que o seu post fosse intencional... NUNCA. É como digo, uma palavra que os politicos quando se pretendem ofender, usam sem perceberem que a sua atitude para com os cidadãos com (verdadeiro) autismo, deveria ser outra. Em Portugal estimam-se 65.000, mas existem evidências de poderem ser já muitos mais! Depois e devido ao uso que entretanto se vai continuando a dar à dita palavra, a coisa tem-se enraizado e parece entranhada... O meu papel é este - tentar "lutar" também contra isto, sem fundamentalismos, apenas alertando que o verdadeiro autismo é uma outra realidade, carente de meios, de respostas e de respeito. Beijinho grande

 
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